qui, 19 setembro 2024

Crítica | A Viúva Clicquot

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Em mais uma cinebiografia de época, ‘A Viúva Clicquot’ está chegando aos cinemas brasileiros para contar a história da viúva que comandou uma das maiores casas de champanhe do mundo. Apesar da filmografia curta como diretor, o autor do filme, Thomas Napper, está no mercado há muitos anos e já trabalhou em diversas produções grandes como diretor de segunda unidade em ‘Orgulho e Preconceito’ (2005), ‘Desejo e Reparação’ (2007), ‘Aladdin’ (2019) e outros grandes projetos.

Após a morte do marido, Barbe-Nicole Ponsardin Clicquot (interpretada por Haley Bennett) acaba assumindo a Maison Veuve Clicquot, produtora de champanhe cujo marido, François Clicquot (interpretado Tom Sturridge), era o dono.

Existe, de minha parte, sempre um grande otimismo a respeito de produções como esta, independente e que possui muito potencial por si só, já que não está atrelado necessariamente a uma lógica mercadológica de uma grande distribuidora. Isso, obviamente, vai refletir bastante na própria direção do longa e em decisões artísticas mais ousadas. Em “A Viúva Clicquot”, desde o começo há um tom mais reflexivo sobre a história, com uma ideia bem estabelecida sobre transmitir ao espectador sobre a vida e trabalho daquela família e como a empresa, Maison Veuve Clicquot, era algo além de só negócios.

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Créditos: Paris Filmes/Fourth & Twenty Eight Films

No estabelecimento da história, a estrutura fílmica já apresenta elementos que seriam repetidos durante toda a rodagem, como a alternância entre os momentos de Barbe entendendo como gerenciar os negócios e os flashbacks para momentos dela com o então falecido marido. Essa estrutura acaba não funcionando totalmente pela repetição excessiva desse recurso na trama. Os grandes momentos da obra são justamente quando, a partir das dúvidas enfrentadas por Barbe, os flashbacks nos mostram momentos que François e Barbe viveram e que dão respostas para as dúvidas da protagonista. Na primeira degustação de champanhe após a morte de François, há uma memória do aniversário da protagonista e mostra a interação doce que eles tinham até aquele momento, fortalecendo essa ideia que, pelas palavras da própria protagonista, o vinhedo era uma “continuação de François.”

Dentro desta lógica, o trabalho da direção de arte, especialmente figurinos e maquiagem, refletem bastante as diferenças entre a vida antes e após a morte do marido, assim como a atuação de Haley Bennett no papel principal. Infelizmente, acredito que por motivos de produção e financeiro, o longa acaba tendo uma duração curta e que não explora diversos outros assuntos potenciais da forma como mereciam, como o contexto político da época (Guerras Napoleônicas), as relações entre mãe e filha e as próprias decisões de Barbe para seguir em frente após o luto. Tentando tratar desses assuntos dentro de apenas 90 minutos, acaba ficando muitas pontas soltas, desenvolvimentos apressados e ideias que poderiam totalmente serem usadas para auxiliar na ideia estilística da obra mas ficam de fora.

‘A Viúva Clicquot’ possui ideias promissoras, com uma intenção bem estabelecida e meios estilísticos usados de forma interessante, mas, por fatores principalmente de pré-produção, acaba enfrentando vários obstáculos que não consegue desviar.

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