seg, 23 dezembro 2024

Crítica | Abigail

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      Após tomarem frente na retomada da franquia Pânico, de caráter autoconsciente em essência, Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett fazem uma farofa conceitual com novo filme: Abigail. Um longa que foi vendido como uma espécie de reimaginação de A Filha de Drácula misturado a elementos de filmes de assalto e slasher, um amontoado de coisas tentando encontrar um novo tom.

      É importante dizer que essa história já sofre com um problema de divulgação. Todo o material promocional aqui foi pensado em função de uma revelação que acontece quase na metade do filme. Isso poderia ser menos nocivo se o tempo gasto para construir o momento de revelação fosse melhor aproveitado com uma narrativa mais cativante. Se até então estamos acompanhando um grupo de criminosos contratados para sequestrar a filha de um homem endinheirado, todo esse trecho do filme pensado para criar um fio que seja de conexões entre essas pessoas que depois serão caçadas é gasto com frases de efeito e uma dificuldade de gerar interesse por personagens tão apáticos. O grupo funciona como uma check-list de arquétipos que acaba não se permitindo passar disso – um brutamontes, uma menina rica, um jovem delinquente…por aí vai.

      A jovem Alisha Weir consegue trazer um respiro na pele de Abigail transitando entre uma fragilidade infantil e a imponência excêntrica de uma mini bailarina monstruosa. O filme encontra nesse contraste um tema que também se reflete na protagonista, Joey (Melissa Barrera), que mesmo servindo como o elemento mais sentimental do grupo ainda está presa a violência como circunstância de vida. É tentando conciliar razão e selvageria que o filme se mantém até o fim em suas idas e vindas e nesse sentido consegue se divertir depois de assumir seu aspecto sobrenatural.

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      Mesmo ganhando vida ao brincar com esse montinho conceitual, a produção não escapa do genérico. O próprio vampirismo representado no filme funciona baseado numa ideia mais abstrata e também autoconsciente de outras referências possíveis que são verbalizadas em tela pelos personagens e isso se estende para os outros aspectos narrativos, a história acaba ficando para trás em função da ação mas essa ação também não está muito preocupada em construir uma identidade própria ou que valorize essa ambientação.

Abigail acaba se limitando à sua ideia como um diferencial e deixando de lado um possível nuance para valorizar um apelo visual mais direto que ainda assim soa um tanto genérico em sua execução.

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Fabrizio Ferro
Fabrizio Ferrohttps://estacaonerd.com/
Artista Visual de São Paulo-SP
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