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    Crítica | Alemão 2

    Manequim Filmes/ Divulgação
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    O Complexo do Alemão, popularmente chamado de Morro do Alemão ou simplesmente Alemão, é um bairro que abriga um dos maiores conjuntos de favelas da Zona da Leopoldina, na Zona Norte do município do Rio de Janeiro. O local é conhecido pela sua alta taxa de criminalidade. O local já foi tema de um filme (Alemão) em 2014 e mostrava cinco policiais que trabalham infiltrados na favela, que são desmascarados pelos traficantes e precisavam lutar por suas vidas enquanto uma grande operação policial acontecia. Em Alemão 2, sequência direta deste filme, uma ação civil visa acabar com presença do tráfico no Complexo do Alemão e precisa capturar um grande traficante que domina o morro depois da falência das UPPs – Unidade de Polícia Pacificadora.

    Manequin Filmes/ Divulgação

    O novo filme conta novamente com a direção de José Eduardo Belmonte (responsável pelo primeiro filme) e tem o roteiro de Marton Olympio (Sequestro Relâmpago) e Thiago Brito (Mar de Monstro) e a colaboração de Pedro Perazzo (Homem Livre). Se o primeiro filme, mesmo após nove anos, tinha uma temática importante e pra lá de atual, a sequência com o texto de Olympio, Brito e Perazzo consegue ter mais foco e aprofundar ainda mais a discussão sobre temas como corrupção, preparo policial e análise sobre a política nacional. Os temas aqui ganham uma análise quase que documental da situação, algo que podemos ver na abertura e final da projeção. A ambientação da favela é realista e tem atenção aos detalhes e aos figurinos dos personagens centrais. As roupas escolhidas refletem bem a identidade dos protagonistas. Outro ponto da sequência positivos são as cenas de ação que são bem filmadas. A fotografia é atraente e a montagem dá dinamicidade a produção, que não possui um orçamento tão generoso, mas é criativa e consegue com pouco fazer muito. A direção de Belmonte usa constantemente lentes do tipo tele objetivas, que aproximam o espectador das cenas, o que dá a situação vista um tom tenso e pra lá de claustrofóbico. A cena de abertura é primorosa é mostra todo o talento de Belmonte que apresenta os protagonistas da história em uma cena feita quase que sem cortes. A direção consegue transmitir a urgência e principalmente o perigo dos personagens estarem tão expostos numa situação em que qualquer erro pode ser fatal.

    O roteiro consegue construir personagens e situações que são mais interessantes, do que as vistas no primeiro filme. Além de não pisar em ovos ao tratar de temas políticos a produção ainda com o elemento moral: o que é certo e o que é errado? Afinal, os personagens apresentados são humanos e possuem suas falhas. O roteiro com isso, consegue criar uma trama na qual as relações entre os personagens centrais se mesclam e com o passar do tempo, o espectador consegue ver que mesmo em núcleos diferente e lados opostos todos os personagens em cena são engrenagens do mesmo equipamento, que tem como um foco promover quem tem dinheiro e está no poder e desumanizar quem não tem.

    Manequim Filmes/ Divulgação

    O elenco é maravilhoso e os personagens da trama são bem desenvolvidos. Destaque para Leandra Leal (O Lobo Atrás da Porta) que vive uma jovem policial que ainda não conhece os horrores do combate a criminalidade, Gabriel Leone (DOM) que vive um policial que tem como principal lema o chavão “bandido bom é bandido morto”, Digão Ribeiro (DOM) que vive um traficante que a primeiro momento é tido como o vilão, mas que com o passar do tempo mostra quem ele é o suas motivações. A atuação de Digão humaniza o personagem de um modo que o espectador deve torcer pelo personagem e Vladimir Brichta (Bingo: O Rei das Manhãs) que tem uma atuação magnifica e constrói um personagem complexo. Por fim a personagem mais importante do filme é vivido com maestria por Mariana Nunes (Alemão). Sua personagem é quem liga as tramas do primeiro e o segundo filme e seu arco é o mais bem desenvolvido, a atriz consegue aprofundar as dores enfrentadas no dia a dia, a atriz a grande responsável por esse mérito.

    Alemão 2 é uma sequência melhor que o original. Este é um filme nacional que usa diversos elementos das tramas de ação para construir uma analise quase que documental sobre a polícia e política nacional. Que mais produções nacionais tenham a coragem de tocar nessas feridas que assolam o nosso país.

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