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    Crítica | Alerta de Risco

    Nem as sequências de ação salvam produção original “mais do mesmo” da Netflix

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    Em Alerta de Risco (Trigger Warning), nova produção original da Netflix do gênero ação e suspense, acompanhamos Parker (Jessica Alba), uma comandante das Forças Especiais que retorna à sua cidade natal após a morte suspeita de seu pai, e acaba entrando em conflito com uma gangue violenta ao descobrir segredos envolvendo conspirações locais.

    Ao alimentar seu catálogo com demasiadas produções originais e utilizar do capital adquirido com conteúdos de fato rentáveis para produzir mais filmes e séries de acordo com algoritmos questionáveis, a Netflix torna-se repetitiva e desprovida de novidades, principalmente no gênero de ação, cansado, subutilizado e constante. É bizarro como, em Alerta de Risco (Trigger Warning), a chuva de elementos e clichês que corroboram na desastrosa tempestade de inúmeras produções originais do gênero, realizadas pelo streaming, parece cada vez mais escancarada, a ponto de abraçar o pastiche sem a intenção de reconhecer sua precariedade narrativa e rir de si própria, o que, ao menos, poderia resultar numa trama descontraída e até mesmo divertida.

    Imagem: Netflix

    Partindo de uma premissa fraca e constantemente utilizada, de um militar das forças especiais que precisa lidar com dramas pessoais e um grupo criminoso que ameaça sua integridade e pessoas do seu círculo social, Alerta de Risco está mais para um novo filme velho de ação, que não abraça um estilo à moda antiga, mas se prende ao fator “mais do mesmo” da Netflix, que já se tornou datado. O longa acaba forçando uma personagem, que teria potência se fosse dotada de alguma personalidade, além de um senso nem um pouco convencional de investigação e perigo, que beira o caricato. Parker, da visivelmente esforçada Jessica Alba (que precisa carregar um fardo de 1 hora e 46 minutos nas costas), está anos luz de distância do carisma, além de apresentar um desenvolvimento baseado em uma escrita descompromissada, ou chat GPT. Sob a responsabilidade do trio Halley Gross, Josh Olson e John Brancato, o roteiro de Alerta de Risco segue o modelo “piloto automático “ ao expor sua desinteressante premissa e a desenvolver às pressas, apostando na catatônica necessidade de dinamismo e repetitividade.

    Imagem: Netflix

    Não há qualquer profundidade nas situações e personagens, o que vem a ser lastimável, já que, além de Alba, o longa conta com nomes de peso, como Anthony Michael Hall e Mark Webber, todos incapazes de subverter um roteiro mal feito e despreocupado.

    Sobra para a cineasta indonésia Mouly Surya (Marina, Assassina em Quatro Atos) a condução de um material tão genérico. A diretora, talvez por ter optado seguir o texto à risca, não atribui uma personalidade à ação, realizando cenas rápidas, esquecíveis e que apresentam coreografias de luta questionáveis. Quando existe uma maior intensidade nas cenas, acabam por utilizar efeitos visuais computadorizados. A direção de fotografia também não colabora na execução das cenas de ação, apostando em planos fechados e penumbras que nada deixam em destaque.

    Alerta de Risco é mais uma ação algorítmica da Netflix realizada de forma totalmente desprimorosa, caindo na inevitável armadilha do clichê e das cafonices tradicionais de qualquer produção original feita às pressas, sem qualquer esmero.

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