sáb, 21 dezembro 2024

Crítica | Alien: Romulus

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Quando se pensa em uma continuação, algumas perguntas podem ser formuladas acerca do produto: será uma continuação que expande o universo criado? Será que tudo o que ela terá para oferecer é a nostalgia? O que poderá ser construído em torno da mitologia? “Alien: Romulus”, dirigido por Fede Alvarez, parece entender que, mais do que lidar com uma das figuras mais emblemáticas do cinema, ele está lidando com um legado. Seu compromisso, então, é com essas três perguntas formuladas no início do texto. Com a narrativa se passando entre “Alien” (1979), de Ridley Scott, e “Aliens” (1986), de James Cameron, o novo longa-metragem da franquia leva suas lentes para um grupo de jovens colonizadores espaciais que, buscando alcançar seu lugar ao sol, vão até uma estação espacial abandonada e descobrem que não estão sozinhos naquele local.

Alvarez não se interessa em fazer com que esse filme expanda necessariamente um mundo já muito bem organizado em suas propostas, optando por tomar o filme clássico de Scott e, a partir de sua estrutura, criar uma narrativa que caminhe entre o suspense deste e a ação do filme de Cameron. Ou seja, ele busca uma mescla entre a atmosfera tensa e claustrofóbica do primeiro com a intensidade e dinamismo do segundo. Em vez de tentar reinventar a roda ou criar uma mitologia complexa, o enfoque está em capturar a essência do que fez esses filmes tão impactantes, enquanto introduz novos elementos e perspectivas. Então, o filme, na verdade, está oferecendo uma sensação de nostalgia ao espectador?

A resposta mais objetiva para essa pergunta é não. Vejamos: o uso de elementos nostálgicos no cinema hollywoodiano contemporâneo se tornou uma muleta que garante sucesso enquanto mascara os diversos problemas do estúdio. Não é o que *Romulus* faz aqui. Pelo contrário, mesmo trazendo a Nostromo, um personagem marcante, ou citações a outros filmes — este último, aliás, é o calcanhar de Aquiles do filme — o longa quase sempre evita recair na aposta fácil para encantar os fãs. Todos esses elementos estão lá a serviço da narrativa, gerando obstáculos já conhecidos, mas, ainda assim, o filme é capaz de construir sua própria identidade, oferecendo o frescor de que, mesmo lidando com o passado, estamos assistindo a algo novo.

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Divulgação

O equilíbrio entre familiaridade e inovação mantém a trama interessante e os personagens relevantes, evitando cair em nostalgias vazias. É nesse ponto que o filme se destaca em relação a muitas outras continuações, por conseguir homenagear sem se tornar fácil. Assim, a escolha por cenários reais e animatrônicos se revela uma decisão acertada, conferindo textura à imagem, impondo verossimilhança e permitindo que os designs de H. R. Giger ainda encantem e provoquem repulsa em igual medida. O primeiro encontro com os Xenomorfos é sempre um momento aguardado em todos os filmes da franquia, e aqui eles surgem quase como uma novidade, mesmo que seu perigo seja iminente antes mesmo de entrarmos na sala de cinema.

É interessante observar como muitos dos temas presentes nos dois filmes que deram início à franquia também estão presentes aqui, seja de forma sutil ou explícita: a luta do proletariado, o militarismo, o corporativismo, o maquinário, a maternidade e a crença ou descrença nos personagens androides, entre outros. Portanto, resta uma última pergunta: o que se constrói a partir desses elementos? Estamos diante de um projeto muito consciente de sua posição dentro da franquia. Embora não escape dos problemas comuns a continuações, busca construir um espaço que equilibre respeito e homenagem, enquanto segue seu próprio caminho. E se quer um exemplo concreto desses pontos, basta assistir aos últimos trinta minutos desse filme.

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