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    Crítica | Alma de Cowboy

    Alma de Cowboy/ NETFLIX
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    Quando falamos de caubói, a imagem que deve vir a sua mente é a mais comum, a mais reproduzida em Hollywood. Provavelmente você imaginou um homem branco usando botas e carregando uma arma, como John Wayne ou Clint Eastwood. Preciso informar que o retrato de Hollywood sobre o oeste americano é errada. Historicamente falando, 1/4 dos caubóis eram negros no velho oeste americano. O novo filme da Netflix, Alma de Cowboy, tenta corrigir essa falha contando uma história real sobre legado e a cultura do cowboy urbano, tudo isso usando o drama sobre paternidade como pano de fundo.

    Alma de Cowboy/ NETFLIX

    A trama de Alma de Cowboy é baseada no livro “Ghetto Cowboy”, que conta a história real dos estábulos de Fletcher Street na Filadélfia, onde vive uma comunidade negra de cavalaria urbana. O diretor Ricky Staub mescla a realidade e ficção, e no fim, consegue obter pontos positivos e negativos em seu primeiro filme. No quesito filmagem o longa possui uma verborragia visual que fascina. A edição em alguns momentos lembra vídeos clipes de tão frenética (em especial na cena em que o protagonista conhece a cidade).

    Esteticamente o diretor mostra talento e conduz a narrativa com elementos visuais interessantes. Porém o filme se perde no quesito foco. Muitas questões da trama ficam em aberto e se não fosse o elenco (destaque para Caleb McLaughlin) nem todo esse apuro visual prenderia o espectador. A obra levanta diversas questões, mas quase nunca as responde. Exemplo: Por que Harp (Idris Elba) parece tão indiferente? Quando o filme responde alguma questão, faz de modo desinteressante o que prejudica a narrativa. A relação conturbada entre pai e filho que inicialmente parece ser o foco do filme, acaba ficando em segundo plano. O foco real é sobre o legado e sobre a cultura dos cavaleiros afro-americanos e as suas histórias reais. As melhores cenas do longa são as que ocorrem a partir de relatos reais, que são impactantes.

    Alma de Cowboy/ NETFLIX

    Com esses detalhes, a trama se torna muito subjetiva e fica dependente da boa vontade do espectador em querer completar as lacunas que o roteiro de Dan Walser (The Cage) e a direção deixam. Outro problema é que a câmera pouco se afasta de seus protagonistas e com isso só vemos fragmentos dos mesmos. Para entender uma pintura é preciso às vezes se afastar para ver o todo. O filme raramente faz isso, o que é uma pena. Quando o faz, somos agraciados em ver uma bela direção de fotografia que aposta nas cores mais quentes para destacar a cidade, personagens e animais.

    O elenco é correto em suas atuações e no fim temos uma surpresa sobre os coadjuvantes. Idris Elba (O Esquadrão Suicida) aparece contido em sua atuação, usando trejeitos discretos para construir seu personagem. Os grandes destaques da produção são a dupla Caleb McLaughlin (Stranger Things) que tem a melhor atuação de toda sua carreira e Jharrel Jerome (Moonlight). A química entre McLaughlin e Jerome é ótima e acrescenta bastante a trama.

    Alma de Cowboy é um filme simples que usa a relação entre pai e filho para contar uma história maior e mais importante sobre legado e a luta real que ocorre na Filadélfia. O retrato da luta de um povo pela preservação de sua cultura, já faz essa obra da Netflix valer a pena ser vista.

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