dom, 22 dezembro 2024

Crítica | Anatomia de um Escândalo 

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A história contada em Anatomia de um Escândalo é fictícia e se baseia em um livro de mesmo nome publicado em 2018, da autora Sarah Vaughan. A minissérie foi criada por David E. Kelley, conhecido por seu trabalho impecável em Big Little Lies, e começa com o político britânico James Whitehouse (Rupert Friend) envolvido em um escândalo. Ele é acusado de má conduta sexual, após viver um caso com sua colega de trabalho Olivia Lytton (Naomi Scott). Sua esposa, Sophie Whitehouse (Sienna Miller), aos poucos vai desvendando tudo e acaba dividida entre acreditar na história do réu ou na versão da vítima. A minissérie é dividida entre passado e presente sempre com dosagens de mistério e suspense.

Netflix/ Divulgação

A série mostra, principalmente, que sempre haverá políticos que acreditam estar acima da lei. James vem de uma boa família e frequentou os melhores colégios do país. A partir do tópico do privilégio, então, o tema predominante em Anatomia de Um Escândalo é o consentimento. O personagem, com o seu sucesso ininterrupto, se torna uma pessoa arrogante cujos piores valores foram adquiridos desde a infância.

Para submergir o público nesse universo caótico dos mais afortunados, o movimento bruto da câmera é usado com frequência, além de cenas filmadas de cabeça para baixo, com um efeito duplicado. Algumas cenas começam em um golpe e terminam com o chão no teto, por exemplo. É compreensível que o intuito seja explorar a confusão mental das situações – o que funciona em boa parte do tempo -, mas após seis episódios, é um trabalho estético que se torna apenas repetitivo e nauseante.

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Netflix/ Divulgação

É possível aqui um paralelo com Succession (2018 – atual), da HBO, que faz uso constante do zoom no rosto dos personagens e da câmera na mão para destacar a reação dos personagens (quase como um animal planet dos bilionários). Ao contrário do que acontece na série da HBO, no entanto, o trabalho aqui provoca mais náusea e desconforto do que propriamente engajamento nos personagens.

O mérito maior vai para a personagem Kate, interpretada por Michelle Dockery, que vive uma advogada bem sucedida e demonstra todo o conhecimento que tem ao enfrentar o réu, com uma presença mais magnética do que qualquer outro personagem da série. Com apenas seis episódios, Anatomia de um Escândalo não faz tantos arrodeios e trabalha bem o ritmo da situações, especialmente para os fãs de dramas criminais.

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