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    Crítica | Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore

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    Estreia nesta quinta-feira (14) o terceiro filme da franquia derivada de Harry Potter, Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore. A produção prevista para estrear em 2020 teve diversos problemas nos bastidores, mas chega aos cinemas sendo melhor que a produção anterior e encerrando a narrativa mal desenvolvida do segundo filme. Além de abrir portas para um futuro promissor, mesmo que a trama tenha alguns problemas narrativos aqui e ali. Na nova aventura o professor Alvo Dumbledore (Law) sabe que o poderoso mago das trevas Gellert Grindelwald (Mikkelsen) está se movendo para assumir o controle do mundo bruxo. Incapaz de detê-lo sozinho, ele confia no magizoologista Newt Scamander (Redmayne) para liderar uma equipe intrépida de bruxos, bruxas e um corajoso padeiro trouxa. Em uma missão perigosa, eles encontram novas e velhas feras. E entram em confronto com a legião crescente de seguidores de Grindelwald. Mas com as apostas tão altas, por quanto tempo Dumbledore pode permanecer à margem do conflito?

    Warner Bros./ Divulgação

    Os Segredos de Dumbledore tem pontos positivos e alguns deslizes nesse retorno. A cena de abertura é um exemplo disso, vemos nela a interação entre Dumbledore e o novo Grindewald (vivido agora por Mads Mikkelsen). Os dois conversam sobre a sua relação e as suas visões sobre o mundo bruxo e nessa cena temos a primeira grande “revelação” da trama, que confirma pela primeira vez com todas as letras o que anteriormente só foi insinuado. Ao mesmo tempo em que confirmação é feita, não vemos nenhuma menção a mudança de visual e personalidade de Grindewald, o espectador que aceite e se acostume.

    As mudanças não são sutis. O Grindewald de Mads Mikkelsen (Druk) é sutil em suas ações e mais contido no gestual, porém segue ameaçador. Algo totalmente diferente da construção feita por Johnny Depp (Piratas do Caribe) nos dois filme anteriores. Mudanças à parte, a trama acontece na década de 30 na Europa e tem como foco a ascensão de Grindelwald no mundo bruxo usando o voto democrático. A trama do novo filme tem reflexos em diversas situações políticas atuais, que são vivenciadas em diversos países, inclusive no Brasil. Essa aproximação com a atualidade no seu discurso engrandece a produção, que ganha mais corpo com o tema.

    A narrativa apresenta assim a equipe de heróis selecionada por Dumbledore que deve deter Grindewald. Em quanto eles enfrentam perigos para deter o vilão descobrimos mais sobre sobre a vida pessoal do professor de Hogwarts e sobre a sua real relação com Credence. O terceiro filme da franquia, assim transforma o personagem de Jude Law (Sherlock Holmes) em protagonista da história, relegando à Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo) um papel de coadjuvante. O que não é ruim, pois o arco do personagem realmente é mais interessante do que o Newt Scamander.

    O que não é tão positivo, é a fotografia da primeira hora de projeção que é tão sem vida e brilho nas cenas noturnas, que impede que o espectador veja as belas criaturas criadas em CGI e toda a ação que acontece. A direção de David Yates (Harry Potter e a Ordem da Fênix) é segura e constrói um universo europeu digno dos livros de Harry Potter. Porém ao mesmo tempo que temos uma direção segura, que constrói lindas cenas e necessário apontar que temos algumas inconsistências, com o restante do universo. Se a linha temporal está certa, alguns personagens que são citados e aparecem neste filme e estão em a Pedra Filosofal teriam mais de 100 anos de idade. O que é estranho, além de outros detalhes que não serão citados para não estragar a trama. Outra decepção é o arco de Credence. O personagem é visto de forma tímida na trama e seu arco deixa muito a desejar, sendo que no começo da franquia ele era um dos personagens centrais da produção aqui ele aparece e some como se nunca tivesse tido importância alguma. Diversos arcos nesse filme foram alterados em prol da narrativa, o que parece ter sido feito para simplificar a trama complicada que foi apresentada na segunda aventura.

    A produção é repleta de easter-eggs a franquia principal e deve levar a loucura os fãs do bruxo. Os efeitos visuais são bons (quando conseguem ser vistos) e junto com as cenas de ação devem agradar os espectadores. Quanto as atuações, os destaques são Jude Law que com muita serenidade constrói um personagem que se aproxima da versão conhecida pelo público na franquia Harry Potter e Mads Mikkelsen que entra no meio da trama, mas atua como se já fizesse parte da franquia desde o início. Maria Fernanda Cândido (Meu Amigo Hindu) vive uma personagem importante na história, mas não tem muitas falas, porém ela sempre que aparece tem a postura necessária para o papel.

    Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore é uma aventura adorável e conta com um ótimo design de produção, além de bons efeitos visuais. Os segredos do título não são tão reveladores e soam mais como verdades omitidas. A produção consegue encerrar o arco inciado no irregular, Os Crimes de Grindelwald, e parece ter encontrado os trilhos para o sucesso.

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