Aos Teus Olhos, novo filme da diretora Carolina Jabor (Boa Sorte) tem o desafio de contar uma história extremamente delicada. O filme apresenta um professor de natação que dá aula para a turma infantil e que acaba caindo em um furacão de acusações quando um de seus alunos o acusa de ter lhe dado um beijo na boca. Daí vemos o início do fim da vida de uma pessoa, onde a acusação de pedofilia rapidamente ganha proporções cada vez maiores através da internet. Mas, no fim das contas, quem está falando a verdade, a criança ou o professor? Em quem acreditar?
O conceito usado pelo filme de Jabor já foi extremamente bem executado em A Caça, filme dinamarquês que foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Mesmo com propostas similares o foco de Aos Teus Olhos é diferente, aqui o espectador não sabe quem está falando a verdade. Há a palavra de um contra o outro e indícios que apontam para cada lado, mas apenas isto.
Por mais que o tema seja, infelizmente, atualíssimo e cotidiano Aos Teus Olhos não se aprofunda e acaba sendo extremamente raso. Talvez por medo de dar um passo em falso e acabar em uma interpretação errada e uma justificativa para defesa de atos de pedofilia.
A impressão que fica é que diversas perguntas foram jogadas na tela, mas que a diretora optou por não responder todas. Um caminho fácil e que frusta o telespectador. O longa deixa a dúvida em qual o seu foco (se era o de mostrar a questão do julgamento da sociedade por atos punitivos precipitados ou a questão da pedofilia). No fim, cabe a interpretação de cada um, ambos temas são alarmantes.
Daniel de Oliveira (Cazuza – O Tempo Não Para) leva o filme nas costas, Marco Ricca (O Invasor) e o restante do elenco trabalham no modo estereotipado, mas mesmo assim demonstram entrosamento. Outro ponto fraco do filme é a sua trilha sonora (quase nula) e cheia de sons que mais irritam do que causam tensão.
Aos Teus Olhos é um filme que expõe muitos pontos interessantes, mas peca pela ausência de análise em torno da acusação sem provas e a velocidade de suas consequências. Uma pena. Vale a pena pela belíssima atuação de Daniel Oliveira