sáb, 12 abril 2025

Crítica | Assassinato na Casa Branca

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Gosta de um mistério estilo “sala trancada”? Que tal um com 132 salas trancadas e mais de 150 suspeitos de assassinato? Essa é a proposta ousada de Assassinato na Casa Branca, nova produção da Shondaland que mistura whodunnit com sátira política e pitadas de comédia absurda. Criada por Paul William Davies (que trabalhou com Shonda Rhimes em sua criação mais famosa, Scandal), a minissérie é estrelada pela sempre magnética Uzo Aduba, que parece se divertir tanto quanto o público ao interpretar Cordelia Cupp — uma detetive brilhante, excêntrica, observadora de pássaros e fã de sardinhas, que chega à Casa Branca para resolver um assassinato no mínimo inusitado.

the-residence-Giancarlo-Esposito-Brett-Tucker-JESSICA BROOKSNETFLIX – © 2024 Netflix, Inc.

O corpo de AB Wynter (Giancarlo Esposito), chefe dos mordomos, é encontrado nos aposentos privados da residência presidencial no mesmo momento em que, no andar de baixo, acontece um jantar de gala com diplomatas australianos. A segurança do local é considerada infalível — por isso, os conselheiros do presidente e agentes do FBI assumem rapidamente que se trata de suicídio. Mas bastam alguns segundos de observação (e uma pausa para procurar os pássaros que Theodore Roosevelt teria avistado por lá) para Cupp ter certeza: foi assassinato. E ninguém sai até que ela descubra quem fez isso.

A partir daí, começa uma investigação cheia de reviravoltas, flashbacks e entrevistas com uma galeria de personagens caricatos e deliciosamente suspeitos. Jasmine Haney (Susan Kelechi Watson), assistente de mordomo, revela estar prestes a ser promovida antes que Wynter misteriosamente desistisse de se aposentar. Harry Hollinger (Ken Marino), amigo do presidente, é visto revirando os pertences da vítima em busca de “documentos importantes”. Sheila Cannon (Edwina Findley), copeira sempre bêbada, deixa uma bituca de cigarro perto do galpão de onde partiu a ligação fatal. E o confeiteiro, revoltado com o rebaixamento da posição da tradicional casa de gengibre no evento, também vira suspeito — ou só alguém com o coração partido?

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O tom da série é escancaradamente cômico e propositalmente exagerado. Há até participação especial de Kylie Minogue (subornada com uma noite na suíte Lincoln para cantar no evento) e uma hilária sequência ao ar livre com o ministro australiano e uma chef da Casa Branca — o que leva Cupp, através de seus binóculos e conhecimentos sobre alfaiataria, a perceber que ele está vestindo a camisa do morto.

O resultado é uma comédia policial cheia de charme, com espírito coletivo e muita energia criativa. Apesar de contar com um elenco afiado, Assassinato na Casa Branca gira ao redor de Uzo Aduba, que domina cada cena com carisma e entrega. Ela transita com naturalidade entre momentos mais sérios e absurdos, mostrando seu enorme alcance como atriz.

A estrutura narrativa aposta em flashbacks e depoimentos diante de um comitê do Congresso, o que dá ritmo à história ao mesmo tempo em que satiriza a desinformação e o caos político. A montagem, embora complexa e às vezes atropelada, consegue dar conta da multiplicidade de linhas temporais e versões dos fatos.

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Mais do que uma paródia de suspense, a série brinca com as convenções dos workplace dramas, dos mockumentaries e da mídia — com destaque para as escolhas duvidosas da relações-públicas Lilly Schumacher (Molly Griggs) e as picuinhas entre os agentes das diferentes instituições de segurança.

Assassinato na Casa Branca é, no fim das contas, uma carta de amor ao gênero dos whodunnits. Não tenta reinventar a roda, mas presta homenagem aos clássicos com autenticidade, personalidade e muito bom humor. Pode não ser revolucionária, mas entrega oito episódios divertidos, envolventes e perfeitos para maratonar. Um verdadeiro deleite para quem ama mistérios com uma boa dose de caos e irreverência. Aproveite!

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