O curta documental imersivo “Audible” acompanha o atleta Amaree McKenstry e os colegas da Escola para Surdos de Maryland, que enfrentam as pressões do último ano antes da formatura e a realidade do mundo fora do colégio. O grupo desconta as frustrações no campo de futebol americano, se esforçando para continuar vencendo as partidas e para aceitar a trágica morte de um amigo. É uma história de adolescentes que encaram as adversidades de frente. Mesmo vivendo conflitos, eles pensam no futuro com esperança, mostrando ao mundo que existem e precisam ser vistos.
O curta possui uma aura de força muito comovente. Conforme conhecemos a Escola Maryland, vemos que ali é criada uma espécie de bolha para esses jovens surdos, um ambiente seguro, onde eles são compreendidos e recebem todo o apoio possível. Vemos a rotina desses jovens, relacionamentos, amizades e relações familiares, de maneira não capacitista e muito emocionante. Mas também nos mostra como essa comunidade surda está preparando seus jovens para enfrentarem o “mundo lá fora”.
A edição de som de Audible é algo excepcional. Em vários momentos do curta não há trilha, apenas sons naturais como a respiração e grunhidos. Toda a edição é pensada para mostrar como é a realidade das pessoas surdas. As cenas dos treinos e dos jogos de futebol são impressionantes, vemos como eles se comunicam, como se esforçam e como aquilo é tão importante para esses jovens.
Mesmo em apenas 38 minutos de duração e abordando um tema tão sério, o curta possui muita leveza em sua narrativa. Outro aspecto positivo é que a trama consegue mudar de tom com muita facilidade, indo dos momentos mais contemplativos aos de euforia e passando pelos mais comoventes com naturalidade. Ficamos envolvidos pela história de Amaree e somos levados por essa montanha-russa de sentimentos.
É muito importante que obras assim tenham espaço e visibilidade, pois é fundamental que possamos conhecer realidades tão diferentes das nossas. Em momento algum ficamos com qualquer sentimento de “pena”, ao contrário, vemos o quanto esses jovens são felizes, sonhadores, e amáveis. No fim parece que quem não está pronto para esses jovens é este mundo aqui fora.