Avatar : Fogo e Cinzas mergulha no coração do bioma volumoso e biodiverso da região vulcânica de Pandora, onde a sobrevivência depende do fogo. Após a devastadora guerra contra a RDA e a perda do seu filho mais velho, Jake Sully e Neytiri devem enfrentar uma nova ameaça: o Povo das Cinzas, uma nova e agressiva tribo Na’vi, conhecida por sua violência extrema e sede de poder, liderada pelo implacável Varang.
O novo Avatar funciona como complemento da história anterior, fechando alguns arcos e desenvolvendo melhor certos personagens, porém também acaba sendo um repeteco de algumas emoções já transmitidas do segundo filme. Ele começa e desenvolve seu meio sendo uma consequência do filme anterior, tanto na morte de um dos filhos e como isso afetou o núcleo da família, e também para instigar a inevitável guerra entre navi’s e humanos que cada vez mais se torna inevitável.

Daí, do meio pra metade acaba soando bastante um repeteco de emoções e decisões com o filme anterior. Todo o arco envolvendo o general e seu filho, spider, com o paralelo da família do Jake ainda sim funciona, por mais que até mesmo o cenário remeta a parte final do longa anterior. Aliás, o principal problema fica por conta de uma insistência do James Cameron em não fechar alguns arcos que já tiveram o desenvolvimento para alguma resolução importante. E no filme ele consegue ainda sim realizar isso com outros personagens, o Spider, Kiri e Neytiri são os melhores desenvolvidos aqui, ele consegue evoluir tanto suas emoções quanto habilidades já demonstradas anteriormente.
E uma coisa que o diretor faz muito bem é representar essa evolução do povo navi, em contrapartida com o que aconteceu a raça humana, que já destruiu o planeta terra e continua querendo dominar outros planetas. A evolução envolvendo o crescimento do povo e a aceitação de outras espécies em seu meio espiritual é lindo, usando a antiga personagem da Sigourney Weaver e o Spider para perpetuar uma união acima da cor da pele, mas sim por meio das atitudes.
Mas o grande triunfo fica por conta da direção e visual absurdo. O dinamismo que o diretor consegue criar tanto nas cenas de ação quanto no melodrama é o diferencial. Ele aborda a ação com momentos do ponto de vista, desde a câmera em primeira pessoa em certos momentos, a câmera por baixo em algum vôo das criaturas. É um controle muito bom que entrega um blockbuster muito acima da média, as convenções do gênero estão ali, os momentos épicos e grandiosos, mas ainda sim constrói todo um núcleo da força da natureza, um capricho obviamente por conta do diretor.

O povo das cinzas mesmo poderia ter sido melhor desenvolvido. A impressão que fica é que são apenas saqueadores mesmo de um pequeno grupo, não algo do tamanho do povo da água. E a própria vilã, Varang, poderia ter tido espaço para mais, porém o filme acaba mais interessado nesse núcleo coronel e Spider. A competência da vilã e seu sadismo são muito bem convidativos com a história. A ação mesmo acaba mudando em alguns momentos por conta desse ódio descontrolado do povo das cinzas, o momento de kamikaze de um deles no meio da batalha é absurdo.
No final das contas, é um capítulo intermediário na franquia. Funciona bastante por conta da direção acima da média e por possuir uma personalidade e dinamismo que faltam nos blockbusters atuais. Uma certa teimosia de James Cameron em insistir com alguns personagens deixa claro um princípio de esgotamento de narrativa, mas mesmo assim, não apaga a característica principal dessa franquia: a imersão absoluta.


