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    Crítica | Avatar: O Caminho da Água

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    É surpreendente imaginar que Avatar: O Caminho da Água (ou Avatar 2) esteja finalmente lançando nos cinemas, após diversos adiamentos, a compra da Disney pela Fox e atualizações da tecnologia tão almejada por James Cameron e sua equipe. Após 13 anos, temos a continuação de um dos projetos mais revolucionários tecnologicamente na história do cinema, efeitos que continuam fantásticos até os dias de hoje. Será que o cinema, ou melhor, o público está disposto novamente a acompanhar esta empreitada?

    Em Avatar: O Caminho da Água, após dez anos da primeira batalha de Pandora entre os Na’vi e os humanos, Jake Sully (Sam Worthington) vive pacificamente com sua família e sua tribo. Ele e Ney’tiri formaram uma família e estão fazendo de tudo para ficarem juntos, devido a problemas conjugais e papéis que cada um tem que exercer dentro da tribo. No entanto, eles devem sair de casa e explorar as regiões de Pandora, indo para o mar e fazendo pactos com outros Na’vi da região. Quando uma antiga ameaça ressurge, Jake deve travar uma guerra difícil contra os humanos novamente. Mesmo com dificuldade, Jake acaba fazendo novos aliados – alguns dos quais já vivem entre os Na’vi e outros com novos avatares. Mesmo com uma guerra em curso, Jake e Ney’tiri terão que fazer de tudo para ficarem juntos e cuidar da família e de sua tribo.

    É curioso pensar que após treze anos, tanta coisa mudou, apesar de ser um longo tempo, o cinema nunca precisou de muito para chamar a atenção ou ganhar fãs, basta contar uma boa história. Mas em meio diversas atualizações tecnológicas, tal como: 4k, sistemas de som imersivos, 4Dx, telas gigantes e o bom e velho 3D( que ninguém aguenta mais). Aquela “novidade” gigante e justificável para o uso do 3D para o grande público trouxe força para o vanguardista Avatar(2009), mas anos depois, após terríveis usos da tecnologia tridimensional, o público se cansou, se tornou algo descartável. Esse é o maior desafio da continuação de James Cameron, ela ainda consegue a atenção do público? Ela tem a força de adentrar nessa onda gigante de filmes de heróis da Marvel, Dc e afins ?

    Mas respondendo a grande pergunta, sim, ele tem qualidade e tecnologia de sobra para atrair os mais exigentes ou saudosistas do clássico filme. É facilmente uma das experiências visuais mais lindas passadas na gigante tela do cinema. São detalhes quase infinitos, desde a iluminação, textura, expressões faciais, até a água( impossível acreditar!), algo realmente nunca visto. E James Cameron não poupa tecnologia, procura mostrar todo o potencial, desde as constantes trocas rápidas de iluminação, realizado pelos eclipses do filme, até a absurda e detalhista fauna e flora subaquáticos. São cenas de encher os olhos, e praticamente justificam o tempo tão longo de produção. Existem momentos de pura admiração e contemplação, do filme mostrando todo o potencial e riquíssimo mundo que apresenta, mas não de uma maneira egocêntrica, apenas a pureza que o cinema pode proporcionar. Claro, pode incomodar em relação a longa duração do filme, 3h10, e se torna até justificável, porém se fosse consegue aceitar toda a imersão apresentada, o obstáculo se transforma em um adicional.

    Na história, temos a apresentação dos filhos de Jake Sully e Neytiri, aliás, família gigante, se contarmos o filho “adotado” humano chamado Spider. A narrativa de Cameron se molda muito nessa questão de laços, desde aceitação, decepções, cobranças, amor e o espelho entre os pais e filhos. São histórias clássicas do cinema antigo que o diretor sempre fez questão de reimaginar em suas obras, o primeiro filme é fruto disso, muito criticado pela “cópia” com Pocahontas, um argumento totalmente fraco e que tenta tirar a força do antigo filme. Mas em relação ao segundo, vemos as constantes cobranças de Jake com seus dois filhos mais velhos, no auge da passagem entre adolescência/adulto. Os dois são verdadeiros espelhos da personalidade do pai, tanto a obediência e fidelidade de um, quanto a rebeldia e curiosidade de outro. É um discurso constante do filme, mas não verbalizado, do quão forte os pais precisam ser para criarem versões melhores de si, no caso seus filhos. Isso é transmitido tanto do jeito fácil quanto difícil, o amor vem através de diversas formas.

    E isso é também demonstrado através de outros dois personagens, cujo a paternidade os liga de maneira cruel, porém existe o amor, é impossível esquecer ou ignorar a ligação do sangue. O coronel Miles Quaritch exemplifica essa segunda chance que obtém, ele mudou, mas apenas de aparência, sua essência maligna sempre se manterá ou será possível muda-la? São essas questões que James Cameron busca trabalhar, e mesmo que não sejam conclusivas neste filme, ele consegue mostrar seu argumento quanto a evolução das visões de proteção e laços.

    Outro retorno aqui, é a questão ambiental do diretor, tão bem retratada no filme anterior, onde buscou mostrar todo esse terror das invasões nas florestas e contra os povos indígenas. Aqui, temos novamente isso, mas passado para o oceano e suas criaturas, é o protesto de Cameron contra a devastação dos oceanos, para as pessoas lembrarem de tudo o bem que ele proporciona para o mundo. A encarnação disso tudo é representada pelas criaturas gigantes do mar conectadas com os Na’vi aquáticos, um tipo de variação da raça. A criatura Tulkin é a prova do quão bonito pode se tornar a conexão com a natureza, um ser cheio de sentimentos e sensações, que são constantemente trocadas durante o filme, tão inteligentes quanto os Na’vi.

    Avatar: O Caminho da Água é um evento, ele não é redondo igual seu antecessor, mas a emoção é triplicada aqui, muito em conta de toda essa questão familiar em que o filme aborda. É de fato uma revolução tecnológica, dificilmente vamos ter algo parecido nos próximos 3/4 anos. Se possível, assista na melhor sala disponível, e mesmo que Avatar tenha essa angústia pelo melhor som, tela, qualidade, a essência de uma boa história continua e é capaz de emocionar. Não é tão fácil imaginar o que James Cameron irá tratar nos próximos três filmes, mas ele provou novamente que tem muito amor e carinho por este mundo, e principalmente talento de sobra como cineasta.

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