ter, 19 março 2024

Crítica | Batem à Porta

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Falar sobre a carreira do diretor M. Night Shyamalan (Tempo) é falar sobre um verdadeiro enigma. O cineasta indiano é um dos mais adorados no gênero do suspense/terror e também um dos mais criticados. No seu currículo existem obras primas como Sexto Sentido (1999) e Corpo Fechado (2000), além de produções que deixaram a desejar como A Dama na Água (2006) e Avatar (2010). Existem até pessoas que brincam que o diretor vive de fases e seus melhores projetos surgem quando ele tenta se recuperar de um fracasso de público e/ou de crítica. Então o que podemos esperar do novo filme do diretor intitulado, Batem à Porta? A resposta você encontra neste texto.

De férias em um chalé distante, uma jovem e seus pais são feitos reféns por quatro estranhos armados que exigem uma escolha inimaginável da família para evitar o apocalipse. Com acesso limitado ao mundo exterior, a família deve decidir no que realmente acredita antes que tudo esteja perdido. Essa é a instigante sinopse do novo suspense de Shyamalan, que é baseada no livro O Chalé no Fim do Mundo de Paul Tremblay, que apresenta como foco principal a questão: Você sacrificaria sua família para salvar a humanidade? Essa pergunta é apresentada sem muita cerimônia logo no primeiro ato da trama. O roteiro escrito por Shyamalan, Steve Desmond (Monsters) e Michael Sherman (Vidro) aposta suas fichas na tensão da situação. Afinal de contas, o que os invasores relatam é algo inaceitável. A partir daí a direção inicia uma carnificina psicológica digna dos melhores suspenses da carreira do diretor. A violência na trama existe, mas não é apresentada de modo explicito, sendo sempre sugerida e acredite, mesmo sem mostrar as mortes brutais que acontecem, o filme consegue deixar o espectador na ponta da cadeira em cada cena apresentada.

O filme possui uma montagem eficiente, que consegue intercalar presente e passado dos personagens de modo hábil e dinâmico. Questões como fé cega, homofobia e manipulação de massas são levantas durante a projeção como explicações para o que está motivando os invasores, mas essas questões nunca ganham elementos suficientes para serem tidas como críveis. Essa nem é a proposta da produção, que prefere deixar o espectador decidir por si o que está acontecendo realmente. A dualidade entre fé e a descrença pela mesma, acaba sendo o grande motor do suspense, que não possui nenhuma reviravolta marcante. O último ato da produção apresenta uma explicação didática do que está acontecendo. Isso é algo que pode frustar alguns, em especial os fãs do cinema do diretor que é conhecido pelas intensas reviravoltas em suas tramas, mas a explicação é bem desenvolvida e surge de modo natural durante a narrativa.

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Os grandes destaques do filme são Dave Bautista (Guardiões da Galáxia) e a estreante Kristen Cui, que interpreta uma jovem de oito anos chamada Wen. A dinâmica entre eles é incrível, em especial na cena de abertura. Completam os destaques Jonathan Groff (Matrix 4) que interpreta o doce Eric e Ben Aldridge que vive o temperamental Andrew (Pennyworth). Os demais atores cumprem suas funções narrativas e agregam positivamente com suas atuações.

Batem à Porta é um terror de invasão engenhoso, emotivo e muito bem desenvolvido durante todos os seus 100 minutos de duração! Esse é mais um acerto na carreira de M. Night Shyamalan. Que venham os próximos!

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Hiccaro Rodrigues
Hiccaro Rodrigueshttps://estacaonerd.com
Eu ia falar um monte de coisa aqui sobre mim, mas melhor não pois eu gosto de mistérios. Contato: [email protected]
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