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Início Críticas Crítica | Batman: Cruzado Encapuzado

    Crítica | Batman: Cruzado Encapuzado

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    Nos últimos anos, muito se tem discutido sobre o esgotamento do cinema de super-heróis e sua esterilização formal. Desde a pandemia, é evidente que o gênero vem perdendo parte do carinho do público. Nas redes sociais, circulam discursos apontando um possível cansaço com esses filmes. Embora eu tenha minhas reservas quanto a essa reação, especialmente observando o sucesso do filme Deadpool & Wolverine  e o entusiasmo em torno do novo DCU de James Gunn, é inegável que há uma certa queda no interesse por esse subgênero. Essa “queda” é particularmente interessante, pois revela como o próprio subgênero que moldou o público e criou determinados gostos agora enfrenta dificuldades em sustentá-los. A demanda por realismo é um desses gostos. O público espera um CGI convincente em um filme sobre um homem com super velocidade ou questiona a verossimilhança de um alienígena que usa uma cueca vermelha e segura um avião sem que este se parta. A própria indústria, que construiu seu império, agora se vê presa às expectativas que criou.

    Será que estamos realmente testemunhando o declínio de um império cinematográfico, ou esta é apenas uma fase de transição e adaptação? A análise dessa tendência pode nos oferecer reflexões valiosas sobre os rumos futuros do cinema de super-heróis e da indústria como um todo. Se o subgênero de heróis estava em declínio, ele acaba de “ressurgir” com força, especialmente através das novas produções animadas. Aranhaverso, Invencível, X-Men 97, As Aventuras do Superman e o mais recente Batman: Cruzado Encapuzado não só conquistaram o público, mas também se destacaram pela alta qualidade artística.

    Confesso que não sou um grande admirador do vigilante de Gotham, mas é extremamente gratificante ver uma animação de um herói tão icônico ser tão bem construída e autorreferencial, prestando homenagens tanto ao seu universo quanto ao próprio cinema. Batman: Cruzado Encapuzado é uma série animada ousada que reimagina o grandioso Homem-Morcego, produzida por J.J. Abrams, Matt Reeves e Bruce Timm. A trama explora as ruas de Gotham City, ainda mais sombrias e corruptas do que conhecemos, onde a corrupção impera e os cidadãos sofrem. O ponto que torna essa série tão ousada não é a mera mudança de personagens, mas a profundidade e a densidade com que aborda temas sérios, equilibrando fantasia e realismo de maneira magistral. Ela consegue ser intensa e vívida, tratando elementos complexos com a seriedade que merecem, ao mesmo tempo que mantém a vivacidade e a magia características das animações de super-heróis.

    Batman: Cruzado Encapuzado abandona o estéril e abraça a essência dos super-heróis: a fantasia. Mesmo tratando da noite e da obscuridade, a série apresenta cor, luz e brilho. Além disso, a série tem um olhar próprio para sua construção formal, evitando os elementos genéricos das produções heroicas. Cruzado Encapuzado evoca um Batman dos anos sessenta, referenciando o cinema Noir com seu clima policial e mistérios sombrios. Posso afirmar com tranquilidade que a série traz componentes que remetem ao cinema de Alfred Hitchcock, especialmente na forma como os realizadores constroem o suspense em tela. Tudo na série é um grande mistério, e a maneira como a “câmera” sugere a iminência de uma “explosão” em qualquer lugar para onde aponta é formidável. Ninguém é confiável, nem mesmo aqueles que aparentam ser dignos de confiança.

    A animação envolve o espectador como um bom suspense policial, fazendo-nos reféns da narrativa e mantendo-nos presos às margens de um desespero deliciosamente satisfatório. Ela mergulha na tragédia, esgueirando-se pelas clássicas tragédias gregas, épicas e melodramáticas, de uma maneira que é perfeitamente adequada para a história de um homem que veste uma fantasia de morcego para lidar com seus traumas. O Batman é, em si, a personificação da tragédia, e a série faz questão de deixar isso claro, apresentando um Bruce Wayne que nega a terapia, sofre de insônia e é incapaz de demonstrar afeto ao homem que tanto ama, Alfred.

    Essa teatralidade grega não está apenas presente em Bruce, mas permeia todos os personagens. Batman: Cruzado Encapuzado apresenta figuras extremamente complexas, quase como se cada uma carregasse um pedaço do Fantasma da Ópera. Cada personagem é intrinsecamente ligado a uma narrativa de dor e redenção, tornando a série uma exploração profunda e multifacetada da condição humana através da lente do mito do super-herói.

    Essa abordagem não apenas revitaliza a figura do Batman, mas também resgata a essência do que torna os super-heróis fascinantes: a capacidade de equilibrar a fantasia (o exagero), com a complexidade emocional e narrativa. Ao se distanciar dos clichês do gênero — não que eles sejam o problema — e abraçar uma estética mais estilizada, epopeica e sombria, Batman: Cruzado Encapuzado redefine o herói para uma nova geração, ao mesmo tempo que presta homenagem às raízes cinematográficas que o inspiraram.

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    ANÁLISE GERAL
    NOTA
    Entre viagens pelas galáxias com um mochileiro, aventuras nas vilas da Terra Média e meditações em busca da Força, encontrei minha verdadeira paixão: o cinema. Sou um amante fervoroso da sétima arte, sempre pronto para compartilhar minhas opiniões sobre filmes. Minha devoção? Cinema de gênero, onde me perco e me reencontro a cada nova obra.
    critica-batman-cruzado-encapuzado Nos últimos anos, muito se tem discutido sobre o esgotamento do cinema de super-heróis e sua esterilização formal. Desde a pandemia, é evidente que o gênero vem perdendo parte do carinho do público. Nas redes sociais, circulam discursos apontando um possível cansaço com esses...
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