Bel-Air tinha estreado seu primeiro ano com uma aposta de recriar os personagens da famosa sitcom Um Maluco no Pedaço em uma narrativa mais dramática e menos despretensiosa. E como dito na crítica da temporada 1, a produção conseguiu se apresentar como uma pegada charmosa, falha mas sincera de Will Smith e a família Banks. No seu segundo ano, vemos uma evolução natural desse sentimento dramático, mas mais decidida sobre que tipo de série quer ser.
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Quando se lança um reboot de alguma produção famosa, existe uma busca por autenticidade, o desejo de estar fora da sombra do original. Bel-Air realizou isso com competência investindo no carisma de seu elenco, no segundo ano da série essa qualidade se solidifica mais ainda.
Não existem dúvidas que Jabari Banks exala carisma e presença em todas as cenas que ele está presente, o protagonista é um poço de maneirismos e jingado onde mesmo quando estamos nos momentos que devemos reconhecer seus erros fica difícil não tomar o lado de Will. O mesmo vale para o resto da família. A química e naturalidade das interações são um ponto essencial para empatizar com as tramas de drama familiar e aulas especiais depois da escola de uma forma atraente que estão por vir nesta temporada.
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E em tais tramas existe uma melhor divisão de núcleos entre do que a primeira temporada. Neste ano, o roteiro encontra a solução em envolver a maioria dos personagens em um plot principal que se dá forma através de uma professora da escola, uma mulher negra, é demitida por adicionar um livro que trata da raça em suas aulas.
Bel-Air busca encontrar o equilíbrio entre tramas densas e o melodrama sincero, é uma tarefa que vem desde sua estreia, sendo finalmente encontrado nesta temporada. O equilíbrio chega em não tentar fazer os dois, e sim abraçar um lado com leves toques do outro. Assim, a série se torna uma produção novelesca que brinca com o melodrama familiar ao mesmo tempo que toca em questões sociais de maneira densa mas esperta.
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Mas nem tudo são flores nesta temporada, um problema herdado do ano de estreia da série é o núcleo de Hillary Banks, vivida por Coco Jones, em que se passa no universo de influenciadores digitais e subcelebridades. Existe uma certa estranheza e desconhecimento da série em tratar esse tipo de trabalho que resulta no distanciamento do público com a trama, nunca fazendo algum comentário perspicaz ou profundo.
No fim, o segundo ano de Bel-Air consegue satisfazer ainda mais que sua estréia, entregando um melodrama sensível e sincero. Acompanhar os personagens a cada episódio dá a sensação de um calor amoroso presente na família Banks. Assim deixando mais claro ainda sua independência em relação a Um Maluco no Pedaço e se provando válida como sua própria série.