sex, 3 maio 2024

Crítica | Bird Box Barcelona

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Em Bird Box Barcelona, acompanhamos a jornada um homem em um mundo pós-apocalíptico, dominado por uma estranha força que domina a mente das pessoas caso elas mantenham contato visual. Em meio a esse caos, o sobrevivente acredita que pode salvar as pessoas que estão sofrendo com esse mal, porém não da maneira convencional.

Em 2018, a Netflix surpreendeu e dividiu o público com o suspense Bird Box, inspirado na obra “Caixa de Pássaros” de Josh Malerman, que contou com Sandra Bullock e John Malkovich no elenco e apresentou um contexto criativo ao estabelecer o perigo enfrentado pelos personagens como um “inimigo invisível” para quem assiste a obra. O resultado está longe da aclamação, mas permitiu ao longa uma curiosa e justa expansão de seu universo. Eis que nós separamos com Bird Box Barcelona, versão espanhola do terror que não chega a ser um remake ou sequência, e sim um spin-off que aproveita a mesma ambientação e contexto narrativo.

Se afastando de um suspense de sobrevivência com genuínos momentos de tensão, Bird Box Barcelona apresenta uma proposta relativamente mais séria, envolvendo religiosidade e crenças, fazendo louváveis associações ao cenário onde a nova história tem o seu desenrolar e aproveitando a questão da fé que é altamente abordada na Espanha. Não é prudente negar que a premissa inesperada traga novas nuances à obra, além de procurar responder o porquê de sua existência, já que a essência amedrontadora proposta pelo primeiro filme aqui fora substituída por um drama de ação metafórico com fortes alusões ao fanatismo. O problema está no aproveitamento precário de tudo que foi inteligentemente idealizado, tornando o desenvolvimento do roteiro e execução de David e Àlex Pastor simplesmente insossa, além de sobrecarregada de problemas narrativos e técnicos e despreocupada em fazer uma abordagem mais plausível sobre a origem das criaturas que provocam o medo e o suicídio das pessoas que se deparam com elas.

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Imagem: Reprodução/Netflix

Não chega a ser um demasiado exagero afirmar que Bird Box Barcelona se limita em tudo quando é colocado em prática, desde o seu roteiro desleixado, que se opõe ao argumento promissor da dupla Pastor, até em seus recursos técnicos. Chega a ser questionável a visibilidade de maquiagens mal aplicadas e a construção desordenada de cenários que remetem simplesmente a um visual estilo “The Walking Dead” ou “The Last of Us”, deixando o filme desprovido de qualquer inventividade visual. Efeitos visuais realizados às pressas também são notáveis aqui, tornando o filme difícil de ser levado a sério. Há raros momentos em que a ação funciona, como na reviravolta do início do filme (onde, logo após, tudo que parecia promissor começa a desandar), mas insuficiente para gerar empolgação. A fotografia também peça aqui, utilizando construções computadorizadas da cidade de Barcelona devastada que funcionariam caso ostentassem uma boa resolução nas imagens.

Deprimente também é ver um elenco esforçado, com nomes de peso como Mario Casas (Um Contratempo), Georgina Campbell (Noites Brutais) e Diego Calva (Babilônia), tentando fazer o possível para driblar uma escrita pobre para seus personagens desinteressantes. Em parte, os atores conseguem ofuscar um roteiro despreocupado entregando boas atuações, principalmente por parte das atrizes mirins Naila Schuberth e Alejandra Howard.

Mesmo tentando se explicar para quê veio, Bird Box Barcelona ironicamente não consegue enxergar uma resposta plausível para sua existência, desperdiçando um grande potencial em uma obra sem ritmo, emoção e autenticidade, além de ser desprovida de visão.

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