seg, 23 dezembro 2024

Crítica | Bizarros Peixes das Fossas Abissais

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Na animação Bizarros Peixes das Fossas Abissais, acompanhamos uma poderosa Heroína que, ao gritar a frase “Minha Bunda é Um Gorila!”, sua área glútea se metamorfoseia em um poderoso, feroz e imenso primata de meia tonelada. Com este poder metamórfico e a ajuda de uma tartaruga e uma nuvem, ela tem a missão de encontrar cacos de um vaso que formarão um mapa para uma planta com poderes inimagináveis de cura.

Quantas inúmeras e incríveis possibilidades uma produção cinematográfica animada é capaz de proporcionar! O genuíno e mais popular estilo de fazer filmes usando criatividade e um trabalho técnico nunca deixará de surpreender o público, assim como também jamais irá deixar de ser bem vinda nas telas. Exibido no Animage, Festival Internacional de Cinema de Animação, no Recife (PE), o primeiro longa-metragem do cineasta e animador Marcelo Marão, denominado Bizarros Peixes das Fossas Abissais, chama a atenção pelo extremo teor criativo, além da técnica em 2D utilizada totalmente a mal e inusitada história sentimental.

Imagem: Boulevard Filmes/Reprodução

Conhecido por curtas que mesclam histórias criativas, porém estranhas para alguns, e técnicas de animação aparentemente simples, porém ricas em detalhes, que ostentam traços no melhor estilo Cartoon, o cineasta Marcelo Marão já chamou bastante a atenção do público amante do cinema de animação com as produções Eu Queria Ser um Monstro (2009), O Anão Que Virou Gigante (2008), Chifre de Camaleão (2000), entre outras. Agora, com o primeiro longa-metragem, Bizarros Peixes das Fossas Abissais, projeto que esteve em produção por 10 anos, o diretor pôs em prática tudo de mais extraordinário e surreal que idealizou ao longo de sua carreira.

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Utilizando de uma narrativa a princípio confusa, que vai se esclarecendo ao longo da trama, além de fazer sentido a medida que a ação desenfreada é desenrolada e os simpáticos personagens são apresentados, Bizarros Peixes das Fossas Abissais é uma aventura caótica e frenética que divide a cena e estabelece um curioso casamento com humor ácido, além de dramas pessoais que, segundo próprio realizador, tem ligações com sua história de vida. Há gratificantes momentos na trama da animação em que é possível identificar uma sensibilidade na história de uma das personagens principais, a Heroína com poderes metamórficos, onde seus objetivos são esclarecidos e comparados com o que muitos de nós já passamos, que é lidar com perdas. Outro momento de destaque do filme é a impecável construção visual da longa sequência ambientada nas fossas abissais, no fundo do oceano. O que pode ser considerado experimental para uma parte do público é, na verdades um genuíno exercício de animação, onde foram colocadas em prática quase 1 década de trabalho para trazer o filme para as telas. O desing de animação das criaturas é exuberante, seguindo técnicas em 2D capazes de ostentar o surrealismo e criatividade necessárias para a concepção de um desenho animado.

Imagem: Boulevard Filmes/Reprodução

Há momentos de Bizarros Peixes em que chega a ser perceptível uma semelhança, tanto na narrativa quanto na estética, às obras do animador russo Genndy Tartakovsky, criador das clássicas séries animadas O Laboratório de Dexter e Samurai Jack, ainda mais quando nos deparamos com o inigualável talento do ator Guilherme Briggs, dublador do personagem título deste último, que dá voz a personagem da Nuvem Cumulonimbus. De fato, Marão possui uma energia e paixão pela animação, tal como Tartakovsky, além de, assim como o animador da Cartoon Network, aproveitar suas narrativas para estabelecer críticas sócio políticas sutis e construtivas. Além de Briggs, Bizarros Peixes das Fossas Abissais também conta com os exímios trabalhos de voz de Natália Lage, como a heroína destemida e poderosa, e Rodrigo Santoro, como a tartaruga com transtorno obsessivo compulsivo. Os três personagens principais são simpáticos e cheios de personalidade, capazes de encantar o público.

É da estranheza, do surrealismo e de excessos, seja de criatividade ou de cenas de ação desenfreadas, que Bizarros Peixes das Fossas Abissais funciona, sendo capaz de entregar uma aventura divertidamente inusitada e bem realizada. Só nos resta esperar que Marão realize uma obra em longa-metragem no mesmo nível deste primeiro, para enriquecer ainda mais o cinema brasileiro de animação.

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