sáb, 25 outubro 2025

Crítica | Blue Moon

Publicidade

Blue Moon é um dos dois filmes dirigido por Richard Linklater no ano de 2025, consagrando esse como um ótimo ano para o realizador, em termos de qualidade dos projetos. Blue Moon fez sua estreia no festival de Berlim, em fevereiro, onde teve uma boa recepção por parte da crítica. No entanto, acabou sendo um pouco esquecido com o passar do ano e chegou discretamente na 49ª Mostra de São Paulo.

O filme conta a história de Lorenz Hart, um famoso letrista estadunidense da década de 30, responsável por hits como The Lady is a Tramp, My Funny Valentine e, é claro, Blue Moon. Uma cinebiografia que adota um formato baste próprio e na contramão da esmagadora maioria das biopics sobre músicos. Ao invés de narrar a clássica ascensão e queda marcada por todos os momentos icônicos que construíram aquela figura, a narrativa se passa – quase – inteira em um único lugar, um bar onde o protagonista decadente encara sua vida entre doses de bebidas e muitas piadas usadas como escudo.

O bom humor permeia todo o longa, Hart, assim como o filme, usa do riso para comunicar sua dor e por ele ser essa figura tão digna de pena, tamanha sua idiotice, ao mesmo tempo em que transborda carisma, acaba se tornando um excelente objeto de estudo para história e para quem assiste-a. Suas palavras são pomposas e ácidas, pronunciadas rapidamente com a velocidade e intensidade de uma bala. Para o bem ou mal, ele cativa a atenção de todos ao seu redor, que não resistem olhar para ele como se fosse um trem desgovernado que você não gostaria de estar vendo, mas do qual não consegue desviar o olhar.

Publicidade

Enquanto estamos rindo com e de Hart, o filme ganha valor e Linklater sabe tirar o melhor da comicidade que nunca perde forças. O espaço geográfico limitado é extremamente bem aproveitado pelo diretor, criando uma sensação de intimidade e de familiaridade, além de posicionar os personagens em uma dança quase teatral, com figuras entrando e saindo de cena como em uma peça.

A verborragia de Linklater que conhecemos bem desde a trilogia Antes continua sendo uma afiada arma na mão do diretor, que a manuseia com habilidade, sem tornar o excesso de palavras uma ferramenta cansativa. Isso é possível, em boa parte, porque trata-se de um realizador que pensa a imagem e a utilização do espaço, de forma a criar cenas que cativam para além do texto, ao invés de simplesmente colocar pessoas a proferirem frases uns para os outros. A blocagem adiciona muito ao charme do projeto.

Com a difícil tarefa de fazer um projeto tão teatral não soar enfadonho em um filme de mais de uma hora e quarenta minutos, Linklater mostrou uma vez mais seu domínio de narrativa e sua capacidade de contar histórias humanas envolventes.   

Publicidade

Publicidade

Destaque

Crítica | Casa de Dinamite

Casa de Dinamite acompanha as investigações norte-americanas perante a...

Crítica | Recife Assombrado 2: A Maldição de Branca Dias

Em Recife Assombrado 2: A Maldição de Branca Dias,...

Wicked: Parte II | Cinemark é parceira oficial de evento em SP; Confira!

São Paulo será palco da primeira sessão mundial de...

Crítica | O Elixir

Uma família tailandesa desarmoniosa resolve fazer um experimento para...
Raíssa Sanches
Raíssa Sancheshttp://estacaonerd.com
Formada em direito e apaixonada por cinema
Blue Moon é um dos dois filmes dirigido por Richard Linklater no ano de 2025, consagrando esse como um ótimo ano para o realizador, em termos de qualidade dos projetos. Blue Moon fez sua estreia no festival de Berlim, em fevereiro, onde teve uma...Crítica | Blue Moon