qua, 18 setembro 2024

Crítica | Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo

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Em Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo, acompanhamos Lilith (Cate Blanchett), uma infame caçadora de recompensas com um passado misterioso, que retorna para o lugar onde cresceu, Pandora, o planeta mais caótico da galáxia. Sua missão é encontrar a filha desaparecida do homem mais poderoso do universo, Atlas (Edgar Ramírez), mas tudo muda quando ela descobre que menina se reuniu a um grupo para encontrar um tesouro perdido.

As adaptações de jogos famosos para o cinema passaram por uma boa fase no ano passado, com Super Mario Bros.: O Filme, Dungeons and Dragons: Honra Entre Rebeldes e a série de The Last of Us, o que nos levou a acreditar que esse subgênero cinematográfico, que já enfrentou os mais variados estágios, tivesse de fato encontrado um rumo certo que o levaria para a tão almejada vitória. Com Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo, no entanto, o estilo parece ter amargamente regredido à sua simplória e repetitiva fase inicial ao apertar o “play” no recurso copiar insistentemente uma boa fórmula a ponto de transformá-la em algo irritante.

Imagem: Paris Filmes/Reprodução

Talvez em uma tentativa frustrada de expandir sua investida em diversificados subgêneros cinematográficos, o realizador Eli Roth decidiu se afastar dos seus tradicionais (e funcionais) terrores e suspenses, como o mais recente Thanksgiving e o clássico O Albergue, para se aventurar em uma ficção que, de acordo com o próprio, fosse uma “mistura de Star Wars, Fuga de Nova York e Mad Max”. Deixando essa fusão clara em materiais promocionais e trailers, a produção de Borderlands ainda alimentou as esperanças de um público carente de filmes de ação com equipes desreguladas e fora do padrão, que esperava uma junção entre Guardiões da Galáxia e O Esquadrão Suicida, ambos de James Gunn. Mas, a errônea arte da comparação entre elementos similares (ou não) somente na estética prevaleceu. Borderlands, na realidade, não tem qualquer cacife para ser comparado a essas produções, já que o longa da Lionsgate nada mais é que mix bagunçado e carregado de clichês que funcionam somente nesses longas que trabalham em conjunto com uma identidade própria. O filme de Eli Roth é desprovido de qualquer elemento que lhe conceda personalidade, desde o visual até na apresentação e desenvolvimento de seus personagens, reforçando a preocupante crise pela busca de identidade e inovação por parte do cinema do gênero ação, que vem se afundando em produções algorítmicas que mais servem como lavagem de dinheiro do que entretenimento de qualidade.

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Escrito de maneira automática pelo próprio Roth, em parceria com o estreante Joe Crombie, o roteiro da adaptação tenta seguir à risca a história proposta pelo game, sem intenções de agregar algo inventivo para a história, parecendo, por diversas vezes, ter sido desenvolvido por chat GPT. E, o que uma escrita despreocupada com argumento e desenvolvimento deste tem para se comprometer com seus diversos personagens? Pouco, beirando o nada. Apesar de contar com um elenco volumoso, repleto de nomes importantes e que todos nós temos grande afeição, Borderlands não trata seus personagens e atores com o devido respeito. Aparentemente incomodados de estarem ali, personalidades como Cate Blanchett, Jamie Lee Curtis, Kevin Hart e a jovem e promissora atriz Ariana Greenblatt, tentam se esforçar, mas não conseguem esconder o desgosto ao tentarem dar vida à personagens tão mal escritos. Apesar de irritante, o personagem de Jack Black, o androide Claptrap, e o brutamontes de Florian Monteanu, Krieg, parecem ser os únicos a serem interpretados com menos vergonha, provavelmente pelo de Black emprestar somente sua voz e Monteanu não mostrar o rosto. Salvo Lilith e Tina, de Blanchett e Greenblatt, respectivamente, nenhum protagonista tem alguma história, ou personalidade por trás do visual caricato.

Imagem: Paris Filmes/Reprodução

Apesar de aderir a uma identidade visual cafona, não podemos negar a fidelidade aos games principalmente no figurino, bem desenhado e condizente com a temática futurista alternativa da história. Tirando esse ponto positivo, um dos únicos aliás, nem mesmo as cenas de ação, que são escassas e não ocupam mais da metade da cansativa metragem de apenas 1 hora e 40 minutos do longa, se salvam da mediocridade. A produção de Borderlands peca por atribuir uma edição ansiosa, com inúmeros cortes confusos que não valorizam as cenas. Além desse grave empecilho, a direção de fotografia optou por planos fechados e sem qualquer pretensão de enquadramento que pudesse agregar valor às sequências, que já sofrem com uma má condução e escondem suas imperfeições com explosões e efeitos em CGI de doer os olhos. Talvez, a única construção em computação gráfica realmente bem desenhada tenha sido o robô tagarela dublado por Jack Black.

Piegas no intuito de parecer descolado, mas altamente distante de ser divertido, Borderlands: O Destino do Universo Está em Jogo parece uma tentativa frustrada de preencher o vazio de um público saudosista e carente de filmes de equipe padrão Marvel Studios, porém sem zelo pela ação, humor, personagens, ou por absolutamente nada além de querer ser mais um título de ação.

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