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Início Críticas Crítica | Caleidoscópio (Kaleidoscope)

    Crítica | Caleidoscópio (Kaleidoscope)

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    Em 1903, o diretor Edwin S. Porter gravou o primeiro filme de assalto da história do cinema, intitulado The Great Train Robbery (O Grande Assalto ao Trem). A história era simples e mostrava o roubo de um trem por bandidos que são perseguidos e, por fim, presos por policiais… a cavalo. Ali começava a criação de um subgênero dos filmes policiais que seguiu com o tempo evoluindo e colecionando fãs ao redor do mundo. Em Ritmo de Fuga, Onze Homens e um Segredo e La Casa de Papel são alguns exemplos de produções que conquistaram o público contando a história de um grupo de ladrões que decidiu agir fora da lei, em prol do beneficio próprio. Para aumentar a lista de produções do gênero estreou na Netflix, no dia 1º de janeiro, a minissérie Caleidoscópio que promete revolucionar o modo como assistimos produções em streaming.

    A produção criada por Eric Garcia (Estranho Mas Verdade) possui oito episódios que podem ser vistos em qualquer ordem e conta a história de Leo Pap e sua equipe que tentam executar um roubo épico no valor de US$ 7 bilhões, mas traição, ganância e outras ameaças minam os planos da equipe. A proposta do programa é dar autonomia ao público, deixando-o livre para consumir o conteúdo como quiser, não prendendo a trama a uma história com começo, meio e fim e apostando suas fichas em uma história não-linear. Algo parecido foi feito na trama Black Mirror: Bandersnatch e funcionou. No show criado por Garcia a proposta funciona, em especial devido a narrativa dos episódios ser fechada na própria proposta do episódio, que possuem seus inícios, meios e fins e conseguem se conectar aos demais episódios pelos ganchos deixados e que serão abordados no decorrer da história (seja qual caminho o espectador queira seguir).

    As motivações criadas pelo roteiro são críveis e nós levam a torcer pelo grupo de bandidos que entram nesse jogo com suas qualidades e seus defeitos explorados. Todos esses elementos são bem desenvolvidos e mostram que ninguém é perfeito, todos os personagens tem um lado bom e outro ruim. O que faz cada um desses lados se sobressair são as tensas situações que os personagens são constantemente levados a participar. Isso leva à desconfiança dentro do grupo e, para nossa alegria, cria tensão. Afinal do que esse grupo é capaz quando levado ao extremo? A história com isso ganha muitos pontos por apresentar uma trama envolvente, dinâmica e dentro da sua proposta, bastante criativa. As cores que dão nomes aos títulos, além de auxilar na fotografia ainda dão o tom dos episódios. Os episódios com cores análogas no círculo cromático se tornam episódios quase complementares e possuem o mesmo tema. Um exemplo disso, são os episódios rosa e vermelho, que são um festival de violência e mortes.

    As cenas de ação são bem filmadas e coreografadas, nas cenas que vemos o plano sendo desenvolvido e sendo posto em prática a produção consegue deixar tudo muito claro. A produção até usa alguns clichês de filmes de assalto aqui e ali, mas pelo menos consegue evitar na armadilha de usar artifícios baratos que deixariam claro a intromissão de elementos facilitadores no roteiro. Tudo é feito com a intenção de por o espectador para pensar e se questionar sobre o que ele vê e como aquilo pode prosseguir/ou dar errado.

    Além disso a direção dos episódios consegue dar espaço para que todo o elenco brilhe. Os atores estão absurdamente bem em seus papéis e a química entre eles é incrível. Os grandes destaques da série são a atriz Niousha Noor (The Night) que dá vida a uma policial melancólica e obsessiva, GianCarlo Exposito (The Mandalorian) que dá vida a um bandido que busca vingança de seu ex-sócio e Jai Courtney (O Esquadrão Suicida) dá vida à um delinquente que só pensa em si e no dinheiro que pode ganhar.

    Caleidoscópio é uma produção original da Netflix que realmente faz jus ao termo ORIGINAL, sendo um verdadeiro show de criatividade! Que venham mais produções desse calibre para saciar nossa sede por entretenimento.

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