Vivemos tempos difíceis! A discriminação contra diversas minorias é feita de modo gratuito nas redes sociais, nas ruas, escolas e até no trabalho. Recentemente, situações envolvendo o destilamento de puro ódio contra pessoas aconteceram em estádios de futebol na Espanha (caso de racismo envolvendo o jogador brasileiro Vinicius Jr.) e em palcos de stand-up (o comediante Léo Lins, constantemente faz “piadas” com temas sensíveis como: abuso sexual, racismo, pedofilia e outros). É quase, que impossível ver alguém se importando verdadeiramente com quem é diferente da maioria ou com a dor do próximo. Mas como diz a canção “Só os loucos sabem”, da banda Charlie Brown Jr. : “O impossível é só questão de opinião…”. Chega aos cinemas nesta quinta-feira (25) a produção Campeões, que dá um pouco de esperança sobre a humanidade.
A produção Campeões conta a história de um técnico profissional de basquete que precisa trabalhar com uma equipe de jogadores portadores de deficiência intelectual como parte de seu serviço comunitário. A produção é um remake do filme espanhol, Campeones de 2018. No filme, vemos o personagem de Woody Harrelson (Zumbilândia) passar por todos os estágios esportivos da redenção. Algo que pode desanimar alguns, pois a produção e seu enredo possuem todos as características de filmes esportivos que buscam inspirar e mostrar a redenção de uma pessoa pelo esporte. Porém, por mais clichês do gênero que a trama possua é inegável afirmar que mesmo assim, o filme é divertido e pra lá de cativante em sua história.
Os melhores momentos acontecem quando o grupo de jogadores com diferentes deficiências (autismo e síndrome de down) interagem entre si e com o personagem de Harrelson. São nesses momentos que vemos como o roteiro do trio Mark Rizzo, Javier Fesser, David Marqués consegue construir arcos para cada um desses personagens, que mostram quem são eles e suas motivações. A falha acontece quando a direção de Bobby Farrelly (Debi e Loide 2) opta mostrar todas as situações envolvendo a equipe, apenas pela ótica do personagem de Harrelson, deixando em alguns momentos, o carismático grupo de lado.
O elenco conta com atores experientes e dedicados, mas o coração do filme é o elenco composto pelos estreantes: Madison Tevlin, Kevin Iannucci, Ashton Gunning, Matthew Von Der Ahe, Casey Metcalfe e Bradley Edens que roubam as cenas com seu timing cômico afiado. As piadas aqui nunca colocam as deficiências desses personagens como questão cômica, preferindo abordar outros aspectos para fazer humor e arrancar risadas do espectador. A trilha sonora é outro destaque. Todas as canções são escolhidas a dedo e acrescentam bastante as cenas nas quais aparecerem, ditando o ritmo do que é visto.
Em tempos de discriminação, crescente, contra diversas minorias. Assistir uma obra como Campeões no cinema, um filme que aborda a inclusão de modo doce e divertido, é uma verdadeira vitória para o público e para a representatividade.