A comédia nacional LGBTQIA+ faz a gente rir, mas também refletir. Luis Lobianco (Porta dos Fundos) vive Carlão, um machão muito conservador, preconceituoso e babaca em várias situações. Até que ele é “abençoado” por uma “fada-madrinha” e deixa Carlinhos sair do armário, literalmente, seu alter-ego homossexual que assume o controle quando chega a noite.
Carlão trabalha em um concessionária de carros, entende tudo de futebol, veio de uma família aos moldes “tradicionais” e precisa aprender a lidar com as dificuldades que um homem gay passa no dia a dia.
O filme dirigido por Pedro Amorim, aborda questões muito complexas como a intolerância familiar e o preconceito no ambiente de trabalho, e mantém um ótimo equilíbrio entre as situações mais dramáticas e emotivas com as cenas de humor.
Essa comédia é muito diferente do que vemos normalmente no cinema nacional tratando-se de representatividade gay. Aqui o homem gay não é o alívio cômico, você não vai rir do Carlinhos, mas vai rir com o Carlinhos!
Os personagens são muito reais e é fácil se identificar com várias situações. Lobianco está realmente incrível interpretando o machão Carlão (quem não é como ele, pelo menos conhece alguém assim). A dona do bar, Glorinha (Thati Lopes – Porta dos Fundos), que recebe as piores cantadas dos homens bêbadas que ela é obrigada a atender. O chefe, Marcos (Thiago Rodrigues – Globo) que é assumidamente gay, e vem pra mostrar que viado também pode entender de carros e de futebol. O pai chato reclamão que julga tudo como coisa de “bichinha” e o sobrinho esclarecido (podemos muito bem imaginá-lo militando na internet).
Vemos alguns clichês, como glitter para simbolizar a transformação de Carlão em Carlinhos, mas isso aqui não é algo ruim, é mais um modo de facilitar como a história é contada. As piadas sobre o universo gay foram desenvolvidas de modo respeitoso e soam como uma homenagem, elas atingem o objetivo de arrancar risadas e não são ofensivas.
Assistindo Carlinhos e Carlão é fácil se envolver com todo aquele turbilhão de emoções e a desenvolver empatia. É realmente uma comédia necessária para o cinema nacional!