sáb, 20 abril 2024

Crítica | Chloe

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Com uma sinopse sedutora, que promete um grande jogo de mistério, a série Chloe, escrita e dirigida pela mesma criadora de Sex Education (2019), Alice Seabright, em parceria com Amanda Boyle (Kursk , 2012), apesar de poética, apresenta muito mais um drama de relações cotidianas do que a emoção e o suspense da investigação de uma morte misteriosa.

A narrativa conta a história de Becky Green (Doherty), uma mulher cheia de frustrações que é obcecada em acompanhar a vida perfeita de sua ex-melhor amiga de infância, Chloe Fairbourne (Poppy Gilbert), nas redes sociais. O marido adorável, o círculo de amigos bem-sucedidos, um mundo que contrasta fortemente com o dela, que agora passa boa parte do seu tempo livre cuidando da mãe — que foi diagnosticada com demência precoce. Essa obsessão, que começou após Chloe rejeitar a amizade das duas no ensino médio, toma um novo rumo quando ela morre de repente. Inconformada, Becky assume uma nova identidade e se infiltra na vida invejável dos amigos mais próximos de Chloe para descobrir o que aconteceu com ela.

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Com um roteiro bem escrito e desenvolvido  — apesar de utilizar diversos clichês para esse tipo de mistério — a série apresenta ótimas questões aos expectadores através do seu modelo narrativo, e pela escolha da forma de apresentação dos personagens. As diretoras utilizam-se de flashbacks, alguns reais e outros nem tanto, para inteirar e, ao mesmo tempo, confundir o expectador em relação aos acontecimentos que antecedem a morte de Chloe. Uma técnica bastante comum em obras do gênero, como em Um Contratempo (2016), mas que, neste caso, pode ter sido uma escolha infeliz fazer uso excessivo desse artifício. O desenrolar da trama ficou massivo, confuso, cansativo, e não cativa o espectador até o 5º episódio.

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A apresentação e o desenvolvimento dos personagens também se arrasta, e talvez esse seja o propósito, para manter o mistério de quem seria o vilão, mas não funciona e não entretém. Uma vez que a virada no roteiro para a Becky mocinha acontece tarde demais, sem tempo para explorar toda a emoção e conteúdo que esse cenário poderia oferecer para a trama. Algo que contrasta com o trabalho anterior de Alice, em Sex Education (2019), onde os personagens são desenvolvidos de forma gradativa ao longo de uma trama envolvente e que se desenrola de forma dinâmica, de acordo com os fatos que vão acontecendo ao longo dos episódios.

Apesar dos problemas narrativos, Chloe é muito bem produzida e presta atenção aos mínimos detalhes que complementam a história. A série traz um figurino que parece ter saído de uma Fashion Week, e que consegue expressar que foi pensado para evidenciar a personalidade e o momento de cada personagem representado na narrativa. Outro ponto positivo da série é a sua estética melancólica, que apesar de tirar um pouco da essência da série de mistério, é um dos elementos mais bonitos de se acompanhar na produção. A saudade; da amiga, da infância, da amizade, do que poderia ter sido se outras escolhas tivessem sido tomadas.

Assim, a série deixa o mote inicial, a misteriosa morte de Chloe, quase como pano de fundo de uma narrativa que passa a focar nas relações superficiais de seus amigos bem sucedidos e da sua vida perfeita — que poderiam ter causado sua morte, mas sem grandes mistérios. Trazendo inúmeras questões acerca desses envolvimentos e obsessões, principalmente de Becky e Chloe. Detalhes que tornam a série — que conta com apenas seis episódios — longa e cancelam o entretenimento do que seria ‘um bom mistério’.

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Gabriela Castello Buarquehttps://estacaonerd.com/
Jornalista com Minor em Cinema. Apaixonada por terror, preto, Halloween e mais um monte de coisa "estranha".
Com uma sinopse sedutora, que promete um grande jogo de mistério, a série Chloe, escrita e dirigida pela mesma criadora de Sex Education (2019), Alice Seabright, em parceria com Amanda Boyle (Kursk , 2012), apesar de poética, apresenta muito mais um drama de relações...Crítica | Chloe