dom, 22 dezembro 2024

Crítica | Cidade Invisível – 2ª Temporada (3 primeiros episódios)

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Na Segunda Temporada de Cidade Invisível, após dois anos ausente, Eric (Marco Pigossi) aparece em um santuário natural, protegido por indígenas e procurado por garimpeiros ilegais, perto de Belém do Pará. Ele descobre que Luna (Manuela Dieguez) e Cuca (Alessandra Negrini) estão morando nas proximidades com o objetivo de trazê-lo de volta à vida. Embora queira retornar imediatamente para o Rio de Janeiro com a amada, suas habilidades sobrenaturais recém-adquiridas o tornam necessário para proteger Luna o santuário, que descobre serem intimamente ligados.

O estrondoso sucesso da produção nacional Cidade Invisível, criado por ninguém menos que Carlos Saldanha, que presenteou o mundo do entretenimento com a sensacional saga A Era do Gelo e outras animações da extinta produtora Blue Sky, permitiu à série um segundo ano, pela Netflix, nova temporada esta que seria essencial para reparar erros cometidos pela primeira, que não deu o foco necessário à cultura dos povos tradicionais brasileiros, centralizando sua história simpesmente no Sudeste do país. Claro que também há diversas histórias fantásticas a serem contadas no eixo Rio de Janeiro e São Paulo, mas muitos expectadores sentiram falta de uma ambientação no Norte-Nordeste, com mais fidelidade às lendas Indígenas, ou de matriz Africana. Felizmente, os primeiros episódios da Segunda Temporada de Cidade Invisível, que estreia nesta quarta-feira (22), fazem o certo ao mudar de cenários e acrescetar histórias com ligação direta aos povos originais do Brasil.

Os primeiros episódios de Cidade Invisível 2, intitulados É tudo o que eu mais desejo, Não vou te fazer mal e A vida que a gente sempre quis acertam ao inserir, em suas premissas, o garimpo ilegal, o que vem sendo combatido com frequência na Região Norte do Brasil, além de dar à série um ar crítico mais atualizado. A luta contra o ato criminoso é bem apresentada e, com certeza, terá aida mais destaque nos episídios seguintes, já que o objetivo dos garimpeiros, comandados pela temível família Castro, é encontrar a terra lendária de Marangatu, no Pará, onde há toneladas de ouro.

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O primeiro episódio de Cidade Invisível 2 foca do drama enfrentado por Eric, mais uma vez na pele do ótimo Marco Pigossi, que retorna poderoso e determinado unicamente a proteger sua filha Luna, assim como também apresenta bem seus novos personagens e lendas, como o menino lobo Bento, o mito de Zaori que consegue enxergar ouro e a tenebrosa Matinta Perera, interpretada por Letícia Spiller, que esbanja caracterização na famosa personagem do foclore do Norte brasileiro. Apesar de prolongar sua introdução e tardar a encontrar um ritmo que acompanhasse a nova premissa da segunda temporada – por mesclar de forma rápida (e até bagunçada) ação, drama e suspense -, a série consegue, logo a partir da metade de seu segundo episódio, se encontrar, reconhecendo que, assim como seu primeiro ano, apostará mais no mistério, com boas e instigantes investigações. Nos primeiros episódios, porém, todos os holofotes vão para a Cuca da exuberane Alessandra Negrini, que mais uma vez se entrega à personagem, entregando uma atuação serena, mas poderosa.

O segundo episódio também é responsável por nos apresentar a Mula-Sem-Cabeça, vivida por Simone Spoladore, que promete ser grande destaque ao longo da série, ainda mais após sua bela emancipação do detestável marido e do padre com quem o traiu, ao final do terceiro capítulo, que intensifica ainda mais as subtramas das entidades, sendo também um notável ponto de partida para os conflitos mais intensos que serão desenvovidos.

Imagem: Reprodução

A segunda temporada de Cidade Invisível repete a fórmula de seu primeiro ano, no quesito identidade visual. Mais uma vez, temos belas representações das lendárias criaturas do nosso foclore, com total destaque para os impecáveis trabalhos de caracterização da Matinta Perera e da Mula-Sem-Cabeça, além dos efeitos visuais computadorizados bem construídos e a direção de fotografia que aposta na penmbra, mas sem escurecer a imagem por completo, deixando o público compreender com clareza o que se passa em tela.

O novo ano de Cidade Invisível, apesar de certos clichês comuns em produções de fantasia, acerta em valorizar a cultura Indígena e focar nas lendas do Norte do Brasil, em seus primeiros episódios. Somente nesta quarta-feira (22), descobriremos se a produção de fato aprendeu com os erros de seu primeiro ano e passou a valorizar com maestria as intrigantes lendas de uma das Regiões mais ricas culturalmente do país.

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