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    Crítica | City Hunter

    Adaptação de anime da década de 1980 pouco investe no seu potencial

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    Em City Hunter, o brilhante e malandro detetive particular Ryo Saeba precisa de juntar a irmã de seu antigo parceiro para investigar a morte dele e descobrir o segredo por trás de uma organização que está desenvolvendo uma droga misteriosa.

    Para tudo, há sempre um meio termo. Quando, por exemplo, a Netflix acerta em cheio numa adaptação de mangá e anime, como é o caso de One Piece e Avatar: O Último Mestre do Ar, também há aquela infeliz possibilidade de uma próxima produção ser um completo fiasco, como Death Note e Cowboy Bebop. Mas, entre esses dois extremos, existe um peculiar equilibro que, até o momento, tiveram como destaque a adaptação de Yu Yu Hakusho (2023) e, agora, City Hunter, tentativa quase frustrada de uma reinvenção do clássico do final da década de 1980 para a modernidade. A maior ruína desta nova produção baseada na obra de Tsukasa Hôjô foi ela não ter acreditado no seu grande potencial.

    Chega a ser irônico o quão ilusória é a bela sequência de introdução de City Hunter, que aposta em uma ação policial cômica cujo o entretenimento é sua prioridade. O decorrer do longa, por outro lado, não segue o tom atribuído à trama no início, além de passar por diversas quebras de ritmo até finalmente se encontrar somente nos momentos finais. Quando o roteiro de Tatsuro Mishima substitui um humor ácido funcional por piadas e situações simplórias, que podem até funcionar com quem se diverte com simplicidades e comédias mais inofensivas. Por outro lado, a narrativa ostenta de uma bem vinda fidelidade à obra original, principalmente na concepção dos dois personagens centrais, o que pode agradar os fãs mais antigos da animação japonesa.

    Imagem: Netflix/Reprodução

    Desprovido de um argumento forte e um desenvolvimento eficaz de sua história principal, City Hunter é salvo por sua dupla de protagonistas, bem desenvolvida e simpática, composta pelo detetive particular Ryo Saeba, interpretado por Ryohei Suzuki, e sua parceira Kaori Makimura, vivida por Misato Morita. Além de serem os únicos personagens do filme com camadas, são representados de maneira exímia por seus respectivos intérpretes e dirigidos com um certo cuidado maior por Yûichi Satô.

    A condução de City Hunter procura ao máximo se assemelhar ao estilo anime e o consegue realizar com maestria e estilo próprio, quando o ritmo do filme, que se divide entre o lento e o frenético, permite tal façanha. Cenas de ação bem coreografadas e que carregam efeitos visuais práticos e em computação gráfica detalhados poderiam ter mais destaque ao longo da narrativa, já que esses momentos enchem os olhos do público. Apostando em um colorido forte e cenários que valorizam a vida noturna em Tóquio, o longa ostenta de uma direção de arte assertiva e repleta de charme.

    Com muito a oferecer, mas sem o comprometimento suficiente para realizar tal feito, City Hunter acaba se tornando uma ação discretamente divertida, que beira o esquecimento.

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