sáb, 4 maio 2024

Crítica | Clonaram Tyrone!

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Em “Clonaram Tyrone!” (They Cloned Tyrone), uma série de incidentes sinistros envolvendo experimentos científicos de intenções duvidosas coloca um trio inusitado (John Boyega, Teyonah Parris e Jamie Foxx) no rastro de uma grande conspiração.

Suspenses que envolvem temáticas raciais e o combate contra forças cuja finalidade é promover o controle de um “mundo ideal” já não são novidades na sétima arte. O grande ápice dessas narrativas críticas se deu há pouco tempo, com o estrondoso sucesso “Corra!” (Get Out), de Jordan Peele, e é claro que, mesmo não sendo mais um tema novo, sempre há espaço para mais produções que venham explorar, a partir de outros olhares e subgêneros, a luta antirracista através de uma ficção mirabolante que reflete duras realidades, como é o caso de Clonaram Tyrone!.

Lançado na última sexta-feira (21), a nova ficção- científica original da Netflix abraça fortemente o estilo Blaxploitation, que marcou o cinema norte-americano da década de 1970 com produções que destacavam a excelência negra e ecoam até os dias de hoje. Clonaram Tyrone! passeia com descontração e criatividade entre esse subgênero, o suspense e a comédia de humor ácido, bem equipado de críticas fervorosas ao capitalismo, graças a um roteiro bem elaborado e assinado por Tony Rettenmaier e Juel Taylor. A escrita, apesar de criativa na medida certa, permite explorar diversas possibilidades e deduções, o que pode se tornar um tanto confusa para o público.

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Imagem: Netflix/Reprodução

É da estranheza e o apelo para o absurdo, com acenos à sátira, que Clonaram Tyrone! adquire sua autenticidade. A direção do estreante Juel Taylor ostenta uma variação de ideias, que até chega a permitir ao longa uma mudança narrativa a partir do segundo ato, passando de uma comédia investigativa para um thriller crítico, cujo suspense instiga e prende a atenção do expectador graças ao seu ritmo frenético. A estética do longa, que mescla a irreverência visual dos Blaxploitations dos anos 70 – com direito a figurinos, veículos e cenários bem característicos da época -, a uma direção de arte mais voltada para produções recentes de suspense, com uma fotografia sombria e mais destaque para imagens noturnas, também são diferenciais, apesar da penumbra em excesso ofuscar parte da ação, em alguns momentos.

Chega a ser repetitivo afirmar o quanto Jamie Foxx, astro vencedor do Oscar que vem se recuperando de uma complicação de saúde que enfrentou no início deste ano, bilha e rouba a cena sempre que aparece como o cafetão Slick. Assim como Foxx, a excelente Teyonah Parris esbanja carisma e presença, mas, do trio protagonista, quem realmente se entrega, de corpo e alma, é John Boyega, com grandiosos momentos que contrastam frieza e explosão sentimental de seu personagem. Além dos grandes protagonistas, temos a inesperada presença de um Kiefer Sutherland que sabe como intimidar na pele de vilão.

Com críticas bem vindas ao controle desenfreado de organizações e órgãos políticos sob uma classe ou sociedade, contendo um humor ácido eficiente e um elenco com excelente química, Clonaram Tyrone!, por outro lado, pode não cair nas graças do público por ser complexo a ponto de beirar o confuso. Mas, quem captou a mensagem, se deparou com um caso raro em que a Netflix entrega uma produção original muito bem inspirada.

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Destaque

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