No espaço de apenas uma década, um motoclube do Meio-Oeste dos Estados Unidos deixa de ser um ponto de encontro para desajustados locais e se transforma em um lugar sinistro, ameaçando o modo de vida do grupo original. Essa é a sinopse oficial de Clube dos Vândalos, novo filme do diretor Jeff Nichols (O Abrigo).
Nichols atua como diretor e roteirista de um filme que promete destrinchar a cultura das gangues de motociclistas dos anos 60, enquanto faz um estudo sobre a sociedade americana. Infelizmente, essa proposta/ideia fica apenas na teoria e Clube dos Vândalos faz tudo que foi citado, mas de modo superficial. A ideia de mostrar/analisar uma gangue de pilotos é inspirada no livro homônimo de Danny Lyon e mostra a origem de um grupo ficcional. As escolhas feitas por Nichols tem altos e baixos. A narrativa é focada no personagem vivido por Austin Butler (Elvis), um homem de poucas palavras e que vive para andar de moto. O ponto alto da escolha de Butler é que o ator fica excelente andando de motocicleta e o visual do ator combina muito com a época retratada. Mas Butler não tem função narrativa, é difícil se importar com um personagem que se pouco sabe e que pouco faz na trama. Com isso, a responsabilidade de carregar a trama fica para Tom Hardy (Venom), em uma excelente atuação e para Jodie Comer (Free Guy). Os personagens da dupla, são melhores desenvolvidos e tem seu passado e motivações exploradas, o que ajuda a entender a origem do grupo e como ele mudou tanto com o tempo.
A narrativa escolhida pelo roteiro conta com uma narração em off, que atrapalha mais do que ajuda. Muitas coisas são detalhadas em excesso: desde do sentimento dos personagens em determinados momentos da trama, até a função deles na história são apresentados em uma narrativa que apenas amontoa informações que poderiam ser facilmente interpretadas ou sentidas pelo público. A escolha de Nichols em usar essa metodologia para contar a sua história, faz com que o espectador tenha tudo mastigado e acabe não se interessando em tirar suas próprias conclusões. Outro erro narrativo é que, a trama está recheada de personagens que não agregam muito. Diversos atores de calibre estão no elenco apenas para uma participação curta ou para proferir frases que não agregam em nada.
Se na história, aqui e ali a produção derrapa, o mesmo não se pode falar da parte técnica que é impecável! A trilha sonora é um ingrediente a mais nesta jornada. As canções executadas cena após cena dão autenticidade ao que vemos. Os locais da época, cenários e figurinos vistos são perfeitos e o design de produção deve (e merece) uma indicação ao Oscar. Tudo relacionado a década de 60 é reproduzido com perfeição. A fotografia é outro destaque, a filmagem usa bastante planos médios e closes nas expressões dos atores, afim de destacar seu talentoso elenco e as filmagens do elenco em suas motos geram planos de tirar o fôlego.
Clube dos Vândalos é um passeio numa estrada perigosa e com destino incerto, que possui uma vista ESPETACULAR! Assista ao filme e curta o passeio de duas horas guiado por Jeff Nichols e sua gangue de atores talentosos.