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Início Críticas Crítica | Cobra Kai – 6ª Temporada (Primeira Parte)

    Crítica | Cobra Kai – 6ª Temporada (Primeira Parte)

    Esgotamento ataca primeiro em primeira parte do último ano da série que bate insistentemente para tentar criar empolgação para seu grande final

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    Na primeira parte da 6ª Temporada de Cobra Kai, os senseis Daniel LaRusso e Johnny Lawrence precisam deixar de lado suas diferenças e abraçar o legado do dojo Myiagi-Do para poder competir no campeonato mundial de karatê, Sekai Taikai. Paralelo a isso, seus estudantes passam por problemas pessoais que podem mudar para sempre suas relações.

    Ao estrear em 2018, Cobra Kai estabeleceu um equilibrado casamento entre a nostalgia e a novidade, resgatando a cafonice criativa e temáticas nostálgicas oitentistas, amalgamando elas a conflitos reais enfrentados por jovens e adultos na modernidade, destacando-se como um projeto promissor, que iria amadurecer com o tempo. No entanto, se os sinais de esgotamento da série começaram a aparecer gradativamente a partir de seu quarto ano, foi no quinto, lançado em 2022, que a produção tomou conhecimento de que precisava aperfeiçoar e preparar o tatame para um grande final, realizando uma temporada complexa e com um verdadeiro tom de despedida, resolvendo seus conflitos e atribuindo à história de Daniel LaRusso e Johnny Lawrence um final digno, até irresponsavelmente abrir possibilidades enfadonhas para mais um capítulo.

    Imagem: Netflix/Reprodução

    A sexta temporada de Cobra Kai, em seus cinco primeiros episódios, aproveita a grande deixa do final de sua antecessora, sabendo explorar bem o plano do vilão John Kreese (mais uma vez vivido pelo amedrontador Martin Kove), que, apesar de repetitivo, ainda consegue funcionar graças ao antagonismo bem trabalhado do personagem. Porém, ao dividir espaço com os núcleos dos senseis Daniel e Johnny e dos adolescentes, cujo o drama principal é movido por briga de egos, descobertas sobre o passado do Sr. Miyagi (Pat Morita), faculdades e o torneio Sekai Taikai, a produção não acerta no quesito inovar, reciclando conflitos já antigos, comportamentos tolos de seus personagens e um mistério sem sentido ou fundamento, que é o tal segredo escondido pelo saudoso sensei de Daniel San.

    Entre o terceiro e quinto episódio do sexto ano da série, todo o perigo minuciosamente idealizado nos episódios 1 e 2 envolvendo o retorno de Kreese é substituído por dramas pessoais sem um pingo de profundidade, além de situações envolvendo relacionamentos, quer seja entre o núcleo adolescente, ou entre Daniel, Johnny e Chozen Tuguchi (interpretado pelo simpático Yuji Okumoto), que já foram repetitivamente mostradas nas temporadas anteriores. Felizmente, a falta de originalidade e comprometimento em entregar uma trama de fato envolvente chega a ser razoavelmente ofuscada pelo ótimo elenco. Ralph Macchio e William Zabka ainda são o coração, alma e punhos da série, que também se sustenta com os jovens talentos de Xolo Maridueña (Miguel), Mary Mouser (Samantha), Peyton Roy List (Tory) e Tanner Buchanan (Robby).

    Imagem: Netflix/Reprodução

    Batendo insistentemente com o objetivo de criar uma atmosfera pesada e repleta de conflitos para a segunda parte da temporada, a criação de Josh Heald, Jon Hurwitz e Hayden Schlossberg, mesmo tendo em vista todos as consequências do quarto e quinto ano da série que culminaram na parceria entre Daniel e Johnny, ainda parece querer encontrar enredo na relação conturbada entre esses dois personagens, mesmo que isso acabe gerando situações constrangedoras ou que poderiam ser resolvidas caso o ego não falasse mais alto. Por outro lado, a tal rivalidade inacabável contribui para a talvez única boa reflexão desta temporada, a respeito de como lidar com o luto e o ódio.

    Com cenas de luta bem coreografadas e, felizmente, distribuídas de maneira mais regrada ao longo dos episódios, Cobra Kai se prepara para o seu grande desafio final: superar todo o esgotamento de enredo e conflitos de sua narrativa e entregar um final épico.

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