Confesso que nunca dei muita atenção para as produções nacionais da Netflix. Mas a série protagonizada por Maria Casadevall ganhou meu coração desde o primeiro episódio.
Contamos com as histórias pessoais de Malu (Maria Casadevall), Adélia (Pathy Dejesus), Ligia (Fernanda Vasconcelos) e Thereza (Mell Lisboa), tratando de assuntos íntimos e profissionais, que se interligam em determinado ponto da trama. Expõe várias problematizações vividas por mulheres da época (e nos dias atuais), como por exemplo a falta de credibilidade e apoio no ambiente profissional, preconceito racial, abuso físico e psicológico, violência doméstica, aborto, maternidade, etc.
Apesar dos assuntos sérios citados acima, a Bossa Nova, as belas paisagens do Rio de Janeiro, a fé, coragem e bom humor das personagens, trazem uma leveza essencial para a série.
A trama ganha forma quando Malu se muda para o Rio de Janeiro a fim de abrir um restaurante ao lado do marido. Porém, ele rouba seu dinheiro e a abandona em uma cidade nova tendo como único bem um porão completamente destruído, onde deveria ser construído o restaurante. Fora de sua zona de conforto e após passado o desespero, Malu resolve dar forma ao seu sonho de abrir um clube de música e conta com a ajuda de Adélia, uma mulher batalhadora, que além de ser seu braço direito, ainda a ajuda a sair de sua “bolha” de privilégios.
Contamos ainda com a história de Thereza, uma mulher empoderada que trabalha em uma revista feminina onde ela é a única redatora mulher, e que apesar da aparência bem resolvida, tem questões a serem trabalhadas. E também temos o ponto de vista de Ligia, uma mulher com um enorme talento para a música, que abre mão de seus sonhos em prol de um casamento com um político rico e abusivo.
No mais, todas as personagens têm várias facetas a serem descobertas no decorrer da temporada. A produção soube dar enfoque na complexidade de cada uma das quatro mulheres, o que deixa a história ainda mais real e encantadora.
O drama/romance é dividido em 7 episódios de em média 50 minutos cada e nos traz uma perspectiva sobre o papel da mulher na sociedade nas décadas de 50 e 60, porém trata de temas bem atuais e nos leva a refletir sobre o caminho percorrido até aqui e no que ainda devemos evoluir.
Como ponto negativo temos a demora para o desenrolar da trama, nos dando a impressão de que os últimos episódios foram mal explorados e deixando aquela sensação de que faltou algo a mais.
Como ponto positivo, além dos assuntos de grande importância tratados na trama, dos cenários e figurinos que nos transportam diretamente para o Rio de Janeiro na década de 60, temos as atuações brilhantes das quatro protagonistas, dando destaque à Maria Casadevall e Pathy Dejesus.
No mais, Coisa Mais Linda entrega uma primeira temporada de tirar o fôlego com um final inquietante, que nos deixa ansiosos para uma continuação.
A série estreou no catálogo da Netflix em 22 de março.