Bailarina – Do Universo de John Wick é uma obra com cara de simulação do sucesso John Wick só que sem a impressionante condução do Chad Stahelski. Ela até tenta no começo trazer alguma personalidade no contexto de crescimento da personagem, de toda a mitologia envolvendo as bailarinas, mas conforme o filme avança, ele está mais interessado na improvisação da personagem pela ação vingativa e sua sobrevivência solitária.
Aqui, diferente do veterano John Wick, a personagem da Ana de Armas passa por diversos desafios em meio ao combate envolvendo seu aprendizado. Então, vamos observar em diversos momentos, a assassina tendo que improvisar, apanhar muito mais do que estamos acostumados com os outros longas. A cena da primeira missão deixa isso bem claro, na boate, e os treinamentos do início, com todo um discurso para aproveitar o máximo de brechas possíveis contra um adversário teoricamente mais forte do que você. A cena até mesmo se utiliza de um discurso “Lute como uma garota” que poderia soar forçado, porém acaba se casando com a proposta da ação durante todo o filme e se tornando esse aceitação da condição de vulnerabilidade da personagem.
O ótimo trabalho de coreografia dos filmes anteriores se repete aqui. Toda a utilização do cenário, impactos, design de som, destruição, é tudo imersivo e orquestrado. Por mais que uma direção do Chad faça a diferença, quando ele insere um controle quase maníaco pra conduzir o trajeto do assassino, aqui, o diretor casa bem uma ideia de improvisação, violência e humor, ainda mais levando em conta a pouca experiência da protagonista.
Diferente da saga John Wick, os personagens secundários aqui são bem fracos. Existe figuras conhecidas do universo e que representam pontos importantes na vida da personagem, porém os novos personagens são bem esquecíveis. O longa tenta construir uma estrutura de passado e presente em relação à fuga de famílias na seita, onde quem faz é punido por morte, porém não existe um real peso aqui ou algo que passe uma sensação de importância na história do filme. O próprio vilão é bem descartável e talvez levado a sério demais. Enquanto os filmes de John Wick se utilizavam de caricaturas, mas combinando com a proposta exagerada da saga. E ainda existe um Plot Twist envolvendo uma irmã da protagonista e trazendo um peso que nunca é desenvolvido, pois rapidamente matam a personagem.
O real negócio é a ação, o ponto onde realmente é observado um esforço da produção, ainda mais em representar um legado que a franquia conseguiu destacar em seus filmes. A melhor cena para representar isso é a do lança-chamas, onde existe um uso impressionante dos dublês e uma boa montagem para representar esse realismo em tela. O próprio ritmo das lutas em geral é bom, o timing cômico envolvendo situações absurdas, tais como um local onde todos os moradores são assassinos treinados. Fora isso, uma boa utilização de armas, desde pratos sendo arremessados, patins, granadas, etc. O único porém é um exagero envolvendo o cabelo impecável da protagonista e uma falta de cuidado ao representa-la cansada ou afetada pela ação frenética.
Bailarina é uma adição divertida com este universo. Falta uma personalidade própria ou um desenvolvimento maior com sua mitologia, porém diverte com as inúmeras cenas de ação e um bom ritmo com sua trajetória. Apela um pouco pra nostalgia ao inserir John Wick no meio da história, para cravar uma superioridade do combate em relação a protagonista e também servir de ajuda no duelo final, mas nada que comprometa tanto a experiência.
