dom, 22 dezembro 2024

Crítica com Spoilers | Guerra Civil

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O TEXTO ABAIXO CONTÉM SPOILERS DA TRAMA, LEIA POR SUA CONTA EM RISCO.

Em Guerra Civil, o diretor Alex Garland convida honestamente seu público para embarcar em seu road movie /Thriller em uma América tomada pelo caos, morte e imprevisibilidade. O filme apresenta essa ideia de embarcar numa pequena missão, ah lá videogame, de um pequeno grupo de jornalista em busca da tão almejada foto do presidente.

Em um futuro não tão distante, quando uma guerra civil se instaura nos Estados Unidos, uma equipe pioneira de jornalistas de guerra viaja pelo país para registrar a dimensão e a situação de um cenário violento que tomou as ruas em uma rápida escalada, envolvendo toda a nação.

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O aspecto mais incrível de Guerra Civil é justamente esse lado voltado para o fotojornalismo, todo esse processo de busca e captura de imagens poderosas daquele ambiente hostil. É um trabalho assustador e imersivo aos acompanharmos nossos personagens em meio a guerra da forma mais crua possível, eles funcionam lado a lado com os soldados e a câmera é sua principal arma. O longa consegue passar esse clima de paixão e terror desde o medo nos momentos mais angustiantes até um leve sorriso com a coragem e determinação dos mesmos por seu trabalho.

E o filme aborda essa  relação das personagens Lee, uma repórter experiente e já estabelecida, e Jessie, uma novata buscando aprender e se afirmar no fotojornalismo. É uma troca interessante levando em conta o desgaste de uma e o fascínio da outra. As duas tem um breve diálogo de Jessie questionando se Lee tiraria uma foto dela morrendo em meio aquela guerra e ela responde que sim sem hesitar. Mas na verdade acompanhamos o oposto disso, é uma espécie de passada de bastão involuntária entre as duas. Conforme o filme avança, a personagem da Kirsten Dunst vai perdendo aquela blindagem que ela demonstrava no início do filme e vai surgindo essa força maior na frieza de Jessie. A conclusão disso é demonstrada no sacrifício de Lee com Jessie, com a eventual foto da morte feita por sua “pupila”, e por mais que a cena soe demasiadamente previsível, ela fecha o arco com uma boa sacada antes apresentada.

É um ambiente tão absurdo, mas o filme faz questão de apresentar esse estilo de vida daquelas pessoas, de forma que quando a morte acontece em seu meio de trabalho os personagens(com exceção de Jessie) não se chocam. Com diferenças nas cenas brutais não envolvendo seu trabalho, em casos como do ataque do personagem do Jesse Plemons onde ocorrem mortes diretas de pessoas lunáticas onde não existe mais segurança, . Tanto que na morte de Lee, não existe um choque(apesar da raiva e tristeza), por justamente fazer  parte daquele meio imprevisível.

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O diretor optou por não demonstrar os lados da guerra, os motivos. Ele flerta com problemas paralelos com o mundo moderno real, porém ele busca mais essa jornada pessoal dos personagens do que aprofundar esse ambiente distópico que parece cada vez mais próximo. É uma proposta que funciona, apesar de sentir um pouco a falta de um leve contexto, talvez para dar mais impacto com os lugares que o filme percorre. Mas o diretor é tão honesta com sua ideia e execução que é difícil não ficar interessado com o percurso e consequências.

E surpreende por apresentar diversos momentos de humor durante a jornada. Muito carregado pelo personagem carismático de Wagner Moura, um veterano do ramo que busca por uma entrevista impossível com o presidente do país ou até mesmo o  veterano Sammy que limitado pela idade aconselha e guia aquele grupo diante toda sua experiência . O filme apresenta cenas para quebrar toda aquela tensão e crescimento das ameaças conforme se aproximam de seu objetivo. O filme pode passar um pouco do limite, exemplo a cena dos dois carros, onde dois personagens trocam em movimento de um veículo para o outro, de forma totalmente despretensiosa que pode soar até exagerada conforme se alonga. São momentos de transição em diversos gêneros ao longo do filme, desde tons mais leves até adentrar no road movie, Thriller, e efetivamente grandes momentos de guerra, com os personagens avançando passo por passo.

Que não podemos negar, Guerra Civil  é um filme imersivo. Ele conduz o espectador de maneira honesta em uma “simples” jornada em um país comido pela guerra e desconfiança. E por mais que o sentimento de “qualquer um pode morrer” não permaneça em grande parte do filme, ele conduz uma tensão e atmosfera envolvente, muito por conta do excelente trabalho de som, um dos melhores dos últimos anos. E no final das contas, o cinema é isso, convida-lo para acreditar naquele universo por duas horas de seu tempo, e isso ele fez bem.

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