Juntos parece bem um produto de uma geração que não sabe decidir entre seguir o divertido ou criar metáforas/alegorias durante o filme. O começo do filme é bacana de se acompanhar, você reparar nos pequenos detalhes que constituem o casal, desde os bons e os ruins. Essa troca de emoções entre os dois é interessante, em alguns momentos Tim está mais receoso e ignorante com sua parceira, outros é Millie que parece insegura ou até raivosa com o rumo da relação.
E com o andar do filme, a constituição dos fatores que os levam até a caverna sobrenatural lembra até um terror japonês, com exceção que aqui é tudo é mais explicado pra parte final, algo que tira até a graça de toda a mística apresentada. Toda essa arte visual é bizarra, funciona como se fosse uma espiral milenar e um poço de água que obrigatoriamente os protagonistas vão acabar bebendo, é um início bem típico do gênero e funciona.
O grande problema é uma tal covardia e até uma falta de senso para escolher/mesclar entre o horror corporal e um debate acerca dos relacionamentos e uma dependência emocional. Na questão do body horror, falta coragem, falta uma ambição em realmente mostrar o desconfortável, é um erro que fica no pensativo de falta de orçamento ou pura falta de respeito ao gênero ? A cena de sexo no banheiro entre os dois acaba se tornando a melhor cena do filme e propositalmente a melhor cena de body horror também, justamente por mesclar uma ambição corporal entre os dois e realmente mostrar as coisas tanto em imagem, mas também quanto ao som desconfortável.
E esses momentos de body horror acabam decepcionando justamente por se afastar da lógica do nojento e desconforto para criar algo mais sugestivo que acaba resultando em uma covardia. A cena dos dois presos pelo braço e a decisão de usar uma serra para separá-los é ótima, porém o filme opta por apenas mostrar de maneira desfocada o gore e um rápido corte após a ação. É uma escolha totalmente equivocada e tira o impacto que o filme poderia ter causado.
O melhor que se pode obter ao longo do filme é a química do casal. Por se tratar de duas pessoas realmente casadas na vida real, o envolvimento deles funciona bastante ao longo do filme e acaba criando um grau de realismo tanto nas discussões quanto na intimidade. Parece que a criatividade entre o casal acaba ganhando um destaque maior do que algo mais inventivo envolvendo as situações de grudar o casal. Alguns traumas antigos são interessantes, principalmente envolvendo Tim, em relação à morte de seus pais, porém nunca é desenvolvido, fica mais nessa sugestão e uma tentativa de ponto de vista amoroso.
“Juntos” consegue ser minimamente interessante e criar uma base empolgante com o casal. Porém quando se trata do terror corporal e um desenvolvimento da história, acaba indo pra algo covarde ou até genérico. Existem pontos específicos ao longo do filme que conseguem chegar perto dessa ambição, uma pena faltar criatividade na hora de unir tudo. E Ficando mais sugestivo e chato.