
ESTE TEXTO POSSUI SPOILERS DO FILME QUE ESTREIA DIA 01 DE MAIO. LEIA POR SUA CONTA EM RISCO.
Thunderbolts* busca uma proposta de personagens rejeitados, tal qual Esquadrão Suicida e Guardiões da Galáxia. Por se tratar de um projeto “menos importante” ele tem a capacidade de tomar seu próprio rumo e ousar mais aqui ou ali, apesar do final ser uma grande sacada com os personagens em transformá-los no novo grupo dos vingadores, algo que sinceramente não combina nem um pouco com um grupo tão desinteressante. E não só isso, essa dificuldade recorrente de toda a fase pós ultimato em emplacar novos personagens, que não conseguem ter o peso semelhante de seus anteriores. O principal problema é a falta de substância ao longo do filme e um enorme buraco de criatividade no visual.
É de interesse um filme desse universo tratar de temas mais humanos e atuais tal qual depressão ou isolamento para personagens com extrema dificuldade de se adaptar, mas a sensação é de uma superficialidade de maneira geral. Salvando-se com a real protagonista do filme, Yelena, que consegue passar um tratamento mais orgânico de seu problemas em tela, não só pela boa atuação, mas um destaque maior para a personagem.

Enquanto o restante do grupo fica em algo mais descartável ou apenas mencionando em poucas falas ou flashbacks sobre seus problemas pessoais. A proposta principal do filme sobre depressão e sensação de vazio é muito bem vinda e traz um tema diferente com o restante do universo, porém o filme não consegue lidar com a ideia de preencher isso com os demais personagens, transmitir uma sensação de peso ao longo do filme.
O visual da obra é bastante limitado, a sensação nos próprios enquadramentos é de repetições e não existe lógica de realizar isso em um filme que supostamente poderia ter uma liberdade maior, ainda mais se tratando de personagens escala C do universo. Então o próprio visual fraco combinado com as ideias pouco exploradas do filme entregam um resultado amargo e desinteressante.
Mas está longe de algo péssimo, a química do elenco, mais na parte da comédia e nas trocas de farpa funciona. Tal qual zuar o Agente Americano ser uma espécie de Capitão América da série b ou a irrelevância e esquecimento do Guardião Vermelho são bacanas de ver em tela.

E uma das grandes decepções é a falta de criatividade aqui, tanto no visual quanto nas cenas de ação. Por se tratar de algo mais pé no chão, o filme não precisa ficar preso com tanto fundo verde ou criação de cenários fakes. Porém os apelos no combate são fracos e genéricos, não sabendo casar uma ideia de exploração das capacidades dos personagens com chamariz na ação, tal qual diversos filmes recentes e bons do gênero.
E o apelo mais super heróico que seria o Sentinela, o filme busca uma abordagem de exploração mental do personagem. Isso acaba trazendo uma complexidade interessante com o universo e um ato final diferente do habitual, sendo uma batalha literalmente mental, e sendo uma boa desculpa para derrota-lo , ainda mais se tratando de um personagem praticamente invencível em combate físico.
Uma pena que o final bote pra baixo essa ideia, e mesmo que case com uma proposta do ridículo do filme com seus heróis, ainda sim é um balde de água ao transformá-los em novos vingadores. São personagens de maneira geral desinteressantes e acabam conquistando um status de próximos heróis, pois precisam lidar com o filme seguinte do universo. Algo desnecessário com a proposta de quase todo o filme.
Thunderbolts* é a busca por algo diferente dentro do universo Marvel. Apresenta novas ideias, porém não consegue mesclar de uma maneira tão interessante algo ao longo do filme. E a falta de um chamariz visual ou criatividade na ação acaba o deixando bem esquecível em diversos momentos. São personagens que em sua maioria não sustentam o peso que o filme quer passar.