sex, 29 março 2024

Crítica | Como Virei Gângster

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É inegável a influência das obras do cineasta Martin Scorsese, que mergulha em narrativas sobre a máfia ítalo-americana em suas consagradas produções, no desenvolvimento de Como Virei Gângster (Jak zostalem gangsterem. Historia prawdziwa), filme este que acompanha, por meio de uma história narrada pelo próprio protagonista, e meio a uma linguagem coloquial e ritmo frenético, as camadas das organizações criminosas da Polônia, destacando o ingresso do indivíduo neste submundo, seus primeiros passos, o apogeu e o declínio. A ideia louvável de explorar, numa narrava que amalgama eventos reais e fictícios, a máfia polonesa sofre com uma execução pouco verdadeiramente inspirada, que acredita mais em excessos do que conteúdo de qualidade.

No início de Como Virei Gângster, somos informados que a produção retrata fatos, tendo que mudar nomes e, provavelmente, situações, para proteger pessoas reais envolvidas, o que, infelizmente, acaba por dificultar um acesso mais profundo, por parte do público, na história que está sendo contada. Mesmo pesquisando a fundo na internet, pouco é encontrado a respeito de uma facção criminosa que tenha inspirado a produção, levantando a hipótese de que a narrativa tenha sido, na verdade, inspirada em acontecimentos na vida de mais de um indivíduo que tenha vivenciado tudo que é mostrado em cena, resumindo tudo a um protagonista que não se identifica, interpretado por Marcin Kowalczyk. Dessa forma, o personagem principal conduz os acontecimentos da trama, com uma narração no melhor estilo Os Bons Companheiros, frisando bem sua trajetória no mundo do crime organizado, o que ocasiona um verdadeiro excesso de informações e até subtramas que viriam a funcionar se a história, que estava sendo contada, fosse, de fato, interessante.

As exageradas 2 horas e 20 minutos de Como Virei Gângster não passam despercebidas, mas conseguem ser, em partes, sustentadas pelo seu bom protagonista e de um dos coadjuvantes de maior destaque, o aprendiz de gângster Walden, interpretado por Tomasz Wlosok. Tanto o personagem de Marcin Kowalczyk quanto de Wlosok, que desempenham bem seus respectivos papéis, têm uma maior atenção por parte da direção de Maciej Kawulski e do roteiro de Krzysztof Gureczny. De um lado, roteirista e diretor sabem como trabalhar para estabelecer um desenvolvimento plausível para seus dois personagens mais importantes. De outro, Gureczny e Kawulski pecam em deixar outros personagens escanteados enquanto atribuem ao protagonista e coadjuvante/antagonista tanto boas quanto questionáveis situações de conflito, como o caso do final anticlimático.

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Mesmo com um provável bom orçamento, o longa chega a sofrer com alguns problemas técnicos que vão da montagem repleta de cortes bruscos, sequências frenéticas de encenação aparente, isto é, sem acabamentos finais, até mesmo na construção visual referente às épocas em que a história de passa. Há, por outro lado, sequências em slow-motion e paralelos que se encaixam bem na trama quando utilizados, assim como a trilha sonora eficiente e sempre presente.

No mais, Como Virei Gângster não se aprofunda tecnicamente no submundo do crime organizado polonês, deixando de lado a oportunidade de despertar a curiosidade sobre a máfia do país no público, que está mais acostumado com produções sobre gângsters Americanos, Italianos e Japoneses. Nos poucos momentos em que o longa procura explicar detalhadamente as artimanhas criminosas da Polônia, os realizadores o fazem da maneira frenética proposta inicialmente, chegando a ser cansativo e frustrante, já que é perceptível que um bom conteúdo não está sendo explorado corretamente.

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