seg, 23 dezembro 2024

Crítica | Conferência Mortal

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Em Conferência Mortal (Konferensen), novo terror slasher da Netflix, durante um evento de uma empresa que aparentava ser inofensivo, um grupo inusitado de funcionários precisa enfrentar não apenas suas diferenças como também um misterioso assassino.

Só neste ano, já tivemos notáveis produções de terror com generosos acenos ao bom e velho slasher das décadas de 80 e 90. Não só o surpreendente Pânico IV fez história em 2023, como também o estranho e rentável Ursinho Pooh: Sangue e Mel e os simpáticos Clube de Leitores Assassinos, da Netflix, e Dezesseis Facadas, da Prime Video, todos esses seguindo aquela mesma ideia de um assassino em série mascarado que toca o terror em determinado grupo, com finais surpreendentes, prática esta que vem envelhecendo, o que não é discutível, porém ainda funciona justamente por ainda saber explorar suas possibilidades. Em Conferência Mortal, do original Konferensen, temos mais um louvável exemplo de como o terror mais brutal, com generosas doses de ironia e criatividade, consegue superar o fator tempo.

Na produção sueca, escrita por Patrik Eklund e Thomas Moldestad, há espaço para tudo o que um filme do gênero necessita para funcionar: personagens detestáveis, conspirações, heróis que acabam descobrindo mais do que deviam, um cenário de fato perigoso, um antagonista impiedoso, reviravoltas e violência gráfica. A narrativa é assertiva ao relacionar desastrosas consequências ambientais e sociais causadas por grandes corporações que visam somente lucrar com a culminação dos atos violentos praticados pelo assassino. Cirúrgico em suas críticas contra as ambições de empresas e a toxidade de certos ambientes de trabalho, mostrando como um colega pode chegar a cometer crimes para superar outro ou até toda a equipe, Conferência Mortal cumpre com maestria o papel de ironizar opressores e seus comportamentos minimamente inteligentes. A composição de cenas, que incluem clássicos da música erudita europeia, slow motions bem aplicados e exímias transições, que mostram o quão o trabalho de edição se comprometeu a entregar cortes sucintos e bem distribuídos, contribuem com o tom irônico da produção.

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Imagem: Netflix/Reprodução

A direção de Patrik Eklund encontra nos típicos clichês de filmes slasher oportunidades para agradar os fãs do subgênero e até trazer algumas novidades, como sequências de combate intensas e bem coreografadas, efeitos visuais práticos devidamente construídos e uma louvável condução dos personagens na trama, descartando aqueles que são absolutamente inúteis a princípio e deixando mais espaço para intensificar a tensão sobre aqueles que esboçam mais simpatia. O problema, por outro lado, está na vaga explicação para as motivações do antagonista que, apesar de fazer sentido, é inserida à trama apenas para dar sentido às suas atrocidades, mas sem o cuidado necessário, o que acaba por gerar uma desconexão com a proposta inicial da trama, que envolve a vilania de grandes corporações e suas consequências que são capazes de enlouquecer aqueles que são afetados tanto por maracutaias quanto por burocracias.

O visual do assassino também faz parte da ironia proposta pelo roteiro, já que o mesmo utiliza uma máscara antes usada por um dos diretores da empresa para promover o grande empreendimento polêmico que gerou todo o conflito apresentado na trama. Outra lástima envolvendo o antagonista principal é seu desfecho inusitado, após sequências de perseguição e combate de tirar o fôlego contra personagens até então frágeis, representados pelos ótimos Claes Haetelius (Torbjörn), Eva Melander (Eva) e Bahar Pars (Nadja).

Imagem: Netflix/Reprodução

O núcleo de personagens odiados que acabam exercendo um papel antagonista mais lembrado que o próprio vilão principal é composto por Maria Sid, no papel da chefe narcisista e de inteligência limitada Ingela, e Adam Lundgren, como o ambicioso e covarde Jonas, sendo essas as melhores atuações de todo o longa. No oposto a isso, temos também a brilhante Katia Winter, no papel da heroína Lina, que, curiosamente, não é uma final girl, tampouco age ou pensa individualmente do pequeno grupo de protagonistas.

Conferência Mortal é uma interessante adição para a lista de terror slasher de 2023. Apesar da história falha de seu assassinos o longa consegue fazer bom uso deste, resultando numa produção que ostenta o melhor do subgênero de horror que tanto vem conquistando novos fãs e, dificilmente, deixará de existir por um bom tempo, já que está envelhecendo bem.

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