ter, 18 novembro 2025

Crítica | Departamento Q – Sem Limites

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Quando o detetive Mørck e sua equipe reabrem um caso arquivado na Ilha de Bornholm envolvendo a morte de uma garota, um culto misterioso e mulheres desaparecidas, fantasmas do passado vêm a tona para confrontar com ele. Departamento Q: Sem Limites (Boundless) é o quinto filme da franquia de sucesso baseada na série de livros “Departamento Q”, do autor dinamarquês Jussi Adler-Olsen.

Como a apatia de uma condução, amalgamada ao desdém com uma temática louvável e executada da maneira mais simplório possível, compromete por completo o resultado de um longa já carente em argumento e necessitado de certa inventividade na sua desenvoltura para, ao menos, portar-se como uma mera opção de entretenimento para entusiastas de um suspense investigativo! Departamento Q – Sem Limites (Boundless/Den grænseløse) degrada a própria chance de superar uma escrita paupérrima transformando novo mistério investigado pelo influente detetive da literatura dinamarquesa, Carl Mørck, em um quebra-cabeças para iniciantes com menos peças e tão pouco entusiasmo no desenrolar de seu desafio.

Adaptar as obras de Jussi Adler-Ossi para o cinema não chega a ser uma tarefa propriamente arriscada ou difícil, já que seus suspenses noir investigativos se assemelham estruturalmente a uma obra de Agatha Cristie, porém com uma dose a mais de drama e conflitos introspectivos de seu detetive protagonista. Carl Mørck em Departamento Q – Sem Limites, agora vivido pelo grandioso veterano Ulrich Thomsen, contrasta suas intrigantes indagações acerca de um caso enigmático não resolvido com um desejo silencioso de voltar para casa e ficar com sua noiva. Enquanto o roteiro adaptado por Jakob Weis consegue cuidar de seu personagem principal com camadas de delicadeza e intrigas de forma satisfatória, o mesmo parece ignorar o restante da história, colocando o crime mal resolvido e reaberto por Mørck e sua associação a uma estranha seita que iludia jovens pessoas com falsos ensinamentos em um mar raso de conveniências e soluções fáceis, desprovidas de qualquer emoção.

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Imagem: Filmelier+/Reprodução

Há um discreto comprometimento da escrita para com o seu resultado, mesmo entregando tudo de bandeja no decorrer da trama, sem sobrar espaço para qualquer artimanha narrativa que pudesse levar a história para aquele desfecho. No entanto, mesmo diante de uma abordagem clichê e expositiva, é notável um pequeno compromisso da produção em colocar a seita liderada pelo antagonista Atu, interpretado por Joachim Fjelstrup, como a ameaça maior da narrativa. Se não fosse a presença incômoda do personagem, qualquer impacto deixaria de existir e a presença de tal seita seria um desperdício tal como o professor necrófilo SVK, interpretado por Rasmus Bjerg, que esconde sua obsessão doentia através da arte, em mais um argumento pobre e carente de inventividade.

Ole Christian Madsen assume uma direção fácil, desprovida de catarses e formalismos necessários para despertar no público algo pelo filme além do que um interesse passageiro em saber como será seu desfecho. Há cenas estáticas em excesso, apesar de bons enquadramentos, despreocupação com iluminação e trilha sonora, entre outros problemas que afastam o filme de qualquer esmero visual. Além de Ulrich Thomsen, Joachim Fjelstrup e Rasmus Bjerg, Departamento Q – Sem Limites conta com um elenco esforçado, composto por Sofie Torp, Afshin Firouzi, Hedda Stiernstedt, entre outros, que conseguem sobrepor uma condução desajeitada e sem carinho.

Comportando-se mais como um episódio especial de longa duração de uma série para aproveitar o orçamento e ainda economizar, Departamento Q – Sem Limites é mais uma adaptação descompromissada de obra literária que cairá no esquecimento.

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Destaque

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