seg, 23 dezembro 2024

Crítica | Desencantada

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Uma das produções mais queridas dos últimos tempos da Disney, Encantada, retorna após longos quinze anos desde seu lançamento nos cinemas. O sucesso veio muito por conta dessa paródia/releitura das clássicas histórias de princesa, mas obviamente trouxe algo inédito para o estúdio, justamente inserir essa figura encantada no ambiente de mundo real, no caso Nova York. Muito por conta do excelente trabalho de Amy Adams, a obra encantou fãs e virou queridinha de muitos até os dias de hoje. Na continuação tardia, Desencantada, finalmente veremos o que aconteceu com Giselle após o “felizes para sempre”.

Buscando uma mudança de suas vidas ocupadas em Nova York, Giselle e Robert mudam a sua família para Monroeville, uma cidade encantadora que lembra Andalasia, a cidade de contos de fadas na qual Giselle cresceu. Porém, as coisas com Morgan andam complicadas e Giselle acidentalmente envergonha Morgan na frente dos seus colegas de escola. Num acesso de raiva, Morgan diz que Giselle nunca será a sua verdadeira mãe, apenas a sua madrasta. Giselle fica arrasada. Desesperada para alterar as suas circunstâncias, ela pede à Varinha dos Desejos uma vida de contos de fadas para ela e para sua família. São quando as coisas começam a complicar.

Disney / Divulgação

O longa obviamente traz a nostalgia consigo, nos primeiros instantes é passado aquela sensação ingênua e doce do primeiro filme. Vemos Giselle com sua família e a dificuldade de viver em Nova York, trazendo assim a ideia de se mudar para o subúrbio, em busca de uma vida menos caótica da cidade. De fato o primeiro ato do filme é muito convidativo, temos praticamente todos os personagens do primeiro filme de volta, toda aquela sensação descontraída é passada aqui. Nem ao menos parece que passaram quinze anos, ao ver Amy Adams interpretando novamente a personagem, depois de anos em diversos papéis mais diferenciados e com foco em premiações, a atriz consegue tranquilamente voltar para a essência que conquistou diversas pessoas em 2007.

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Com a atual onda voltada para as vilãs do universo Disney, a produção opta por fazer algo “diferente”, ao estilo Cruella e Malévola. Após o pedido de Giselle em transformar a cidade e sua vida num conto de fadas, ela nota que está se transformando de fato em uma madrasta má, tanto em visual quanto caráter. Assim, ela precisa batalhar contra o tempo para reverter o pedido fruto de um presente de seus amigos de Andalasia. A ideia é até interessante, mas ao trabalhar isso deixa a desejar, começando pelo fato daquela inocência tão querida e chamativa do começo do filme ser rapidamente jogada de lado. A história perde a graça ao esquecer a questão da felicidade da personagens e sua família, e acaba caindo em um conto bastante artificial e previsível. Sim, isso existia no primeiro filme e sabíamos como a história iria terminar, mas tinha muito mais charme e naturalidade ao contar aquela narrativa, a auto consciência era muito mais preenchida.

Os números musicais são agradáveis de se assistir, até o momento nada marcante ou inesquecível como algumas músicas do primeiro filme, exemplo da emblemática “Vai Saber Assim(Como ela sabe que você a ama)”. O trabalho das canções envolvendo Amy Adams, Maya Rudolph e Idina Menzel são ótimos, muito talento envolvido, especialmente da Menzel. Não à toa existe uma canção parecida  com o sucesso “Let It Go” de Frozen, cantado pela mesma, trazendo até letra e tom parecidos.

É notável uma certa limitação de orçamento envolvendo o longa, desde a simplicidade da animação até as perucas visivelmente falsas. Existe também um estranhamento nas transições de cena, algum cortes abruptos, falta de ritmo, coisas básicas. Apesar de ser um filme de streaming, não existe desculpa para falta de cuidado, ainda mais o filme anterior, de quinze anos atrás, ter muito mais responsabilidade com sua produção.

Desencantada é a nostalgia certa feita pela Disney, é ótimo ver todos de volta e novos atores carismáticos e talentosos inseridos aqui. Tem uma abordagem interessante sobre felicidade e questionamento de mudanças, mas peca ao deixar isso de lado e trazer algo mais fantasioso, que passa a sensação de ser artificial e com um ritmo questionável. Por bem ou mal, o talento inquestionável de Amy Adams carrega o filme na maior parte, mesmo nos momentos fracos, a diversão de ver a personagem batalhando consigo mesmo entre duas personalidades é demais.

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