Diários de Um Robô-Assassino é uma série criada por Paulz Weitz e Chris Weitz, baseada na franquia de livros escritos por Martha Weels. Se o título da nova série de ficção científica da Apple TV+, não te agradou, saiba que ele foi escolhido com um toque de ironia. Embora o robô protagonista, interpretado por Alexander Skarsgard, seja capaz de matar — e o faça ao longo da trama — o nome que ele adota reflete mais um desejo do que uma realidade. Após hackear o módulo que controlava seu comportamento, ele reivindica sua recém-descoberta liberdade, e o nome que se dá de Robô Assassino se torna uma espécie de declaração aspiracional.
Ele gostaria de ser o tipo de robô destemido o suficiente para eliminar todos os humanos que deveria proteger em uma expedição a um planeta desconhecido. No entanto, sua verdadeira prioridade é aproveitar as 7.532 horas de conteúdo premium em streaming que agora pode acessar livremente. Totalmente compreensível!
Apesar de não ter mais ativo seu módulo regulador que o forçava a obedecer qualquer comando dado por um humano, nosso protagonista continua exercendo seu papel de guarda em uma expedição de mineração. Mas por que ainda está trabalhando? Simples: se a empresa que o possui descobrisse seu livre-arbítrio, seria derretido no ácido sem hesitação.
“Agora estou a serviço de um novo grupo de idiotas”, comenta sobre os humanos. Contudo, desta vez, eles não eram os típicos psicopatas gananciosos. “Eles eram… estranhos”, revela seu monólogo interior. Eram hippies da Aliança da Preservação que visitaram o Porto de Freecommerce em busca de um seguro para sua missão. Parte desse seguro envolvia a contratação de uma unidade de segurança. A líder da expedição, Mensah (Noma Dumezweni), escolhe o robô mais barato (nosso protagonista), ao invés de um modelo mais novo e avançado.
Além de Mensah, os demais tripulantes da missão são Pin-Lee (Sabrina Wu), sua esposa Arada (Tattiawna Jones) e Rathi (Akshay Khanna) que formam um trisal já nos dois primeiros capítulos. Bharadwaj (Tamara Podemski) que tem um hábito curioso: roubar sabonete após o banho. E o destaque fica por conta de David Dastmalchian no papel do Dr. Gurathin, um humano aprimorado que, apesar de suas próprias modificações cibernéticas, é o mais desconfiado em relação ao robô protagonista.
Alexander Skarsgård demonstrou, ao longo dos últimos anos, habilidades suficientes para a comédia seca, utilizando frases de efeito com total sinceridade para arrancar risadas. Interpretando o robô protagonista – anteriormente conhecido como unidade de segurança (SecUnit) –, suas falas mais engraçadas acontecem em voz off. No entanto, também brilha nas cenas em que seu personagem interage diretamente com os humanos idiotas que deveria proteger, conferindo humanidade ao personagem.
Quanto aos mistérios, existem dois que achei interessantes na série, sendo um que trata dos vislumbres que nosso robô protagonista tem sobre um massacre que teria acontecido antes de se tornar SecUnit e, o outro, sobre a identidade das criaturas que os atacam durante a missão no planeta minerador que estão, fazendo-os investigar como a corporação contratada não sabia previamente da existência dessas ameaças.
Importante ressaltar que, de tempos em tempos, somos presenteados com cenas da novela favorita de nosso robô protagonista, uma ópera espacial extravagante e divertida chamada A Ascensão e Queda do Santuário Lunar (com John Cho e Jack McBrayer exibindo perucas impressionantes), onde se inspira para interagir com os humanos. Não porque esteja tentando ser humano, mas sim para aprender a se relacionar com eles o suficiente para garantir sua sobrevivência.
Os humanos, por sua vez, não possuem um manual para compreender essa entidade incomum, que consideram uma “pessoa”, embora não exatamente um ser nos moldes que conhecem. E é acompanhando essas jornadas e dilemas, o grande prazer da série.
