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    Crítica | DNA

    Telecine/ Divulgação
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    DNA, novo filme da consagrada cineasta e atriz francesa Maïwenn, talvez seja sua obra mais declaradamente pessoal, para o bem e para o mal.

    Partindo do falecimento do avô da protagonista, argelino exilado e posteriormente radicado na França, como evento que dispara a trama, o filme ambiciona ser um estudo sobre memória, identidade e pertencimento, transitando entre as esferas coletiva/familiar e pessoal/íntima para investigar os impactos gerados pela perda da referência que unia os personagens.

    O trânsito entre essas duas instâncias é refletido na estrutura narrativa do longa, que se apresenta dividido em metades bem delineadas. Na primeira, o foco está na família; na segunda, na protagonista.

    É nesse primeiro momento que DNA se apresenta mais maduro. A diretora filma o núcleo familiar como algo vivo, dinâmico. A câmera passeia livremente pelos ambientes em que são travados os embates do pós-morte do patriarca, não se centrando em nenhum dos envolvidos, mas dotando todos de personalidade própria. Concebe-se um sentido de disputa multipolarizada pela memória e pelo legado do falecido, e, se os ruídos de comunicação na família são explícitos, as raízes dos conflitos ficam implícitas, não se procedendo a exposições desnecessárias. Tudo é muito intuitivo e orgânico no mosaico familiar que a diretora tece.

    Após estabelecidas essas bases, o filme passa a acompanhar mais detidamente os passos da protagonista na busca obsessiva por suas raízes. Parece justo apontar que, enquanto a Maïwenn diretora é a estrela da companhia na primeira metade do filme, essa posição cabe à Maïwenn atriz na segunda.

    Telecine/ Divulgação

    Tal troca de eixo narrativo, embora as duas frações da dramaturgia dialoguem diretamente, pois, em último grau, ambas tratam da busca por equilíbrio e pontos de encontro afetivo, seja a nível familiar, seja a nível pessoal, é operada de modo abrupto. Nessa transição, muito do interesse sobre o filme se perde, já que aquela dinâmica multifacetada e em constante renovação de perspectivas da primeira metade é substituída por uma exploração mais direta dos conflitos da protagonista consigo mesma.

    Essa exploração, ainda que renda momentos de sensibilidade aguçada – a relação da protagonista com sua irmã é particularmente bem explorada, e a partir de pouca informação –, por muitas vezes acaba caindo num grau de abstração que beira o inacessível. Maïwenn, em não poucas passagens, parece confundir pessoalidade e introspecção dramática com omissão narrativa e truncamento.

    O resultado é um filme desequilibrado e que por vezes soa um tanto egocentrado sob o pretexto de ser íntimo, mas que, nos momentos de maior inspiração, revela o talento da diretora para capturar um drama de dinâmica fluida e as múltiplas perspectivas nele implicadas.

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