seg, 23 dezembro 2024

Crítica | Downton Abbey: O Filme

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Com uma conclusão plausível, a série Downton Abbey teve grande aprovação de seus fãs, porém, muito se questionava sobre episódios especiais, na forma de epílogos, pois, o legado dos Crawley não acabara alí, de verdade. Eis que temos Downton Abbey: O filme, que poderia ser facilmente um longa absurdamente restrito aos fãs, mas sua riqueza majestosa em detalhes, interpretações e produção, elevaram o patamar de uma simples trama episódica para uma sala de aula, melhor, escola, de como fazer cinema.

De início, a história já laça a atenção alheia, na expectativa de saber o que há dentro de uma pequena correspondência, endereçada à abadia. Tudo se torna turbulento quando seu conteúdo vem à tona: a visita do casal Real, Rei George V (Simon Jones) e a Rainha Mary (Geraldine James). Rapidamente mobilizados, o trabalhadores, os proprietários e toda a vizinhança iniciam o preparativos para um evento que será memorável, numa sequência que faz o espectador sentir-se parte integrante do elenco.

Pode-se dizer que o ponto alto do filme é, sem dúvidas, a fotografia, elogiadíssima desde série televisiva. Todo o contraste, seja em tons, seja em roteiro, são altamente trabalhados de forma gradativa, como é percebido na montagem inicial até seu clímax, quando encontramos elementos inseridos ao contexto social em que se passa. Aliás, a trama se passa em 1927, pouco depois dos eventos finais da série.

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Voltando ao contraste, este é recorrente quando o roteiro define as hierarquias. Não é nenhum mistério o choque social que a obra mostra, ao misturar pobres trabalhadores do casarão aos membros da mais alta sociedade local. E a sensação deste resultado é quase um auto questionamento para qual grupo se acha pertencente. E esses são apenas alguns aspectos iniciais.

Visivelmente, temos um roteiro mais argumentativo e expositivo, comparando dúvidas e anseios de alguns personagens com as mesmas perguntas que a sociedade atual continua fazendo, como as possibilidades de ascensão social, empoderamento feminino e igualdade de gênero, seja numa sociedade aristocrática ou em qualquer outro sistema político. Crédito para os textos belíssimos de Julian Fellowes (Assassinato em Gosford Park, 2001).

Downton Abbey: O Filme narra muito bem as transgressões de uma sociedade afetada por crises econômicas, políticas e sociais de um pós-guerra e como estas mudanças afetam cada um dos personagens, em diferentes camadas. Talvez, seja uma experiência melhor para quem já acompanhava a série, já que a exposição inicial de personagens é enorme e só a a partir da metade do filme é que nomes soarão mais familiar. Pode-se dizer que é uma obra daquelas que se tornam um cartão postal.

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