
Pra você que está cansado de filmes de suspense sempre seguir uma mesma história e da falta de criatividade muitas vezes, tem novidade boa nas telonas! ‘Drop: Ameaça Anônima’ é o próximo lançamento da Blumhouse, produtora conhecida principalmente pela influência no gênero de terror nos últimos anos, com filmes como ‘Atividade Paranormal’ (2007), ‘Corra!’ (2017), ‘Nós’ (2019) e ‘O Homem Invisível’ (2020). O diretor, Christopher Landon, também já é conhecido dos fãs do gênero pelos filmes feitos nos últimos anos, dirigindo projetos como ‘A Morte Te Dá Parabéns’ (2017) e ‘Freaky – No Corpo de um Assassino’ (2020). No elenco, a estrela é Meghann Fahy, conhecida mais por papéis coadjuvantes em filmes recentes como ‘Armas na Mesa’ (2016) e ‘Your Monster’ (2024). Ela atua junto com Brandon Sklenar, conhecido mais recentemente pelo seu papel em ‘É Assim que Acaba’ (2024).
Tentando uma nova chance, Violet (interpretada por Meghann Fahy), está pronta para um encontro em um restaurante luxuoso com Henry (interpretado por Brandon Sklenar), mas uma sequência de mensagens anônimas colocam em risco a vida de seu filho Toby (interpretado por Jacob Robinson).
Seguindo o padrão de sempre da Blumhouse, ‘Drop: Ameaça Anônima’ propõe um projeto com baixo orçamento, visando um bom retorno de bilheteria e uma história criativa para o suspense. A premissa da narrativa é bastante interessante, deixando Violet “isolada” em seu date com uma sequência de ordens dadas por mensagens, e é uma ideia que funciona bastante, gerando tensão em cenas que precisam dela. Principalmente no primeiro ato, com a apresentação da história, as interações entre os personagens, o estabelecimento do espaço (a casa de Violet e o restaurante) e com as tensões iniciais no ponto de virada, mas as coisas começam a ficarem estranhas com algumas “invenções” do diretor na linguagem cinematográfica que chegam a dar agonia em alguns momentos. Textos aparecendo na tela, um uso abusivo do ângulo holandês (ou Dutch angle, quando a câmera está inclinada, para tentar mostrar a tensão psicológica do personagem na tela) e os momentos de “reflexões” da protagonista são os principais.

Como sempre gosto de repetir nos meus textos, não existe certo ou errado na arte. Todos esses elementos são válidos, sim, contanto que sejam utilizados dentro da obra atrelados à ideia do diretor daquela obra. Os “momentos de reflexão” citados, por exemplo, são momentos em que o diretor tenta nos colocar na “visão” da protagonista, tentando criar um laço maior de aproximação com ela, mas na verdade apenas nos afasta do melhor do filme. Há um primeiro ato e sua construção de maneira simples, mas funcional, e as interações e tensões mesmo após o ponto de virada da história continuam ótimas dentro da lógica do “perigo constante” que a protagonista vive. Não precisa, então, quebrar esse ritmo bom cortando para uma cena em que escurece toda a visão do restaurante e apenas ilumina uma luz em um homem que Violet suspeita ser quem está lhe enviando as mensagens ameaçadoras, nem precisa quebrar o ritmo para mostrar na tela palavras que seriam muito bem mostradas em um plano fechado no celular da protagonista. Ao invés de tentar essa busca incessante por mostrar a reação da protagonista, se o objetivo era nos colocar na perspectiva dela, isso poderia ser atrelado ao o que o próprio filme já tinha apresentado, inclusive podendo utilizar ainda mais da ótima atuação de Meghann Fahy, como mostrando as mensagens em um plano fechado no celular e cortando apenas para as mãos dela, em um close-up, segurando o celular e começando a tremer, mas tendo que disfarçar pois ela está em um encontro, como a personagem faz. Essa busca sempre pelo rosto e por reações, ao invés de arriscar algo mais emocional, é algo recorrente neste tipo de filme e que, na grande maioria, distrai o espectador e atrapalha momentos-chave da narrativa.
Apesar disto, a experiência da obra possui grandes momentos do que a gente espera de um suspense. Se por um lado há essas escolhas que distanciam o espectador, existem outras que alimentam a tensão e deixam as situações mais complexas do que poderiam ser. Sendo uma decupagem muito focada no plano e contraplano, ainda mais no início pela conversa de Violet e Henry no restaurante (afinal, estão em um date), há uma seleção muito interessante para os planos usados durante os diálogos e as situações que a protagonista passa enquanto tenta seguir as orientações do anônimo e também pelas escolhas da fotografia. Com o passar dos minutos, a cada vez que Violet e Henry conversam quando estão sentados na mesa, no mesmo plano e contraplano, os planos vão ficando mais fechados e próximos dos personagens, refletindo a aflição da protagonista e sua preocupação dentro daquele cenário. O desenvolvimento das relações de Violet com os personagens no cenário, com o pianista ou com a garçonete, são rápidos mas levados pelo humor e sendo determinantes nos momentos de maior perigo. Esses elementos constroem um suspense sólido na grande parte da obra, sempre evidenciando a aflição da protagonista em meio ao caos.
‘Drop: Ameaça Anônima’ é um projeto com um conceito bastante interessante e com grandes momentos de tensão, com destaque para as atuações dos personagens principais. Ainda que o filme faça alguns experimentos na linguagem que não funcionam e incomodam bastante durante a rodagem, é um bom suspense e que vale a pena ter a experiência nos cinemas.