ter, 1 abril 2025

Crítica | Duplicidade

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Em Duplicidade (Tyler Perry’s Duplicity), acompanhamos a advogada Marley (Kat Graham), que precisa descobrir a verdade por trás do assassinato do marido de sua melhor amiga, Fela (Meagan Tandy), um homem negro que foi morto em plena luz do dia, por um policial branco. Marley conta com a ajuda de seu namorado, Tony (Tyler Lepley), um ex-policial que trabalha como detetive particular, para desvendar o caso, mas acaba se deparando com verdades que põem a sua vida e de seus amigos em perigo.

 Não surpreende mais o fato de a maioria das produções de suspense produzidas e destinadas diretamente para plataformas de streaming seguem um padrão de qualidade duvidoso que reflete em filmes televisivos de orçamento e técnicas audiovisuais limitadas, mas que, minimamente, conseguem entreter com tramas simples que chegam a estimular curiosidade em saber seu desfecho, ou até com melodramas novelescos que cativam graças à simpatia de seus personagens em cena. Duplicidade (Tyler Perry’s Duplicity), no entanto, vai contra qualquer mecanismo gerador de entretenimento em produções pequenas, das quais o realizador Tyler Perry já é considerado uma referência neste segmento. Também é inquestionável o fato de grande parte das produções de Perry caírem nas graças do público pelo fácil acesso em plataformas de streaming e a simplicidade que o cineasta utiliza para explorar temas diversos em gêneros e subgêneros cinematográficos variados, mas é inegável que o realizador tenha perdido a mão drasticamente neste novo suspense que encontra o conceito de “reviravolta surpreendente” para mascarar uma narrativa ruim.

Imagem: Prime Video

Existe um ar, inevitável de ser ignorado, de produção algorítmica de baixo orçamento e comprometimento para com a obra, destinada exclusivamente para o streaming com a finalidade de preenchimento de catálogos, em Duplicidade, o que estaria longe de ser o maior dos problemas, caso houvesse qualquer esmero para com a construção da obra, não só por parte do roteiro e direção, mas também na interpretação de seus personagens. No caso desse suspense, que estreou recentemente no Prime Video, a forma cinematográfica adotada para o desenrolar narrativo de um argumento pobre e episódico é prejudicada por carências. Existe uma escassez de inventividade imagética que torna a direção de Tyler Perry incapaz de atribuir uma identidade ao longa-metragem. São enquadramentos estranhos que não favorecem atores e elementos em cena, além de técnicas fílmicas que oscilam entre inexistentes e reproduzidas a partir de outro filme do gênero, além de uma decupagem e edição despreocupadas em atribuir um ritmo ou uma certa impenetrabilidade necessária para dar mais ênfase ao suspense, e trilha sonora genérica que impacta em absolutamente nada.

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Existe um ar, inevitável de ser ignorado, de produção algorítmica de baixo orçamento e comprometimento para com a obra, destinada exclusivamente para o streaming com a finalidade de preenchimento de catálogos, em Duplicidade, o que estaria longe de ser o maior dos problemas, caso houvesse qualquer esmero para com a construção da obra, não só por parte do roteiro e direção, mas também na interpretação de seus personagens. No caso desse suspense, que estreou recentemente no Prime Video, a forma cinematográfica adotada para o desenrolar narrativo de um argumento pobre e episódico é prejudicada por carências. Existe uma escassez de inventividade imagética que torna a direção de Tyler Perry incapaz de atribuir uma identidade ao longa-metragem. São enquadramentos estranhos que não favorecem atores e elementos em cena, além de técnicas fílmicas que oscilam entre inexistentes e reproduzidas a partir de outro filme do gênero, além de uma decupagem e edição despreocupadas em atribuir um ritmo ou uma certa impenetrabilidade necessária para dar mais ênfase ao suspense, e trilha sonora genérica que impacta em absolutamente nada.

 De autoria do próprio Tyler Perry, o roteiro de Duplicidade parece não tratar com seriedade as temáticas polêmicas que ousa adicionar à trama, tornando situações verdadeiras enfrentadas pela população negra norte-americana, como a violência policial e a intensa luta pela justiça, algo que beira a trivialidade, ainda mais quando entra em cena conflitos concebidos para atribuir sentido ao plot desnecessário que acabam por tornar todo o cenário narrativo irreal, forçado e até caricato. Há diálogos sofríveis que parecem retirados de comentários de publicações debatíveis em redes sociais, além de um estranho e aparente acobertamento de práticas policiais abusivas que são “justificadas” pela inocência do personagem policial branco, interpretado por Jimi Stanton, já que o mesmo acabou sendo usado em uma maracutaia que, mais tarde, é revelada como a grande reviravolta que acaba destruído tudo que o filme pensou em abordar como crítica. Além de dar a entender que não existe racismo dentro da polícia estadunidense, pois os próprios policiais podem estar vulneráveis a golpes e armações, todo o desenrolar e o desfecho da trama deslize grave de roteiro que acaba se tornando uma narrativa de muito mau gosto.

Imagem: Prime Video

A princípio, Duplicidade parece ter um protagonismo dividido entre as personagens Marley e Fela, interpretadas respectivamente por Kat Graham e Meagan Tandy, que até convencem em suas atuações, mas pouco puderam fazer para superar um roteiro ruim que atribui personalidades limitadas e repletas de clichês às suas prováveis heroínas. Quando Fela é escanteada pela narrativa e Marley assume o maior tempo de tela, é gerada uma estranheza, além de todo o falso carisma do longa ser jogado nas costas de Graham para que ela pudesse sustentar a trama. Completam o elenco os pouco inspirados Tyler Lepley, RonReacco Lee e Joshua Adeyeye, que entregam personagens caricatos e desprovidos de identidade.  

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Medonho como suspense, pior ainda quando tenta flertar com o drama crítico, Duplicidade de Tyler Perry nada provica no expectador, a não ser tédio, estranheza pelo fato de uma temática importante ser tratada da pior maneira fantasiosa possível, e um revoltante sentimento de enganação.

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