Kate é uma mulher solitária tentando se recompor após o falecimento de sua esposa. Ela cuida de uma propriedade rural, na qual dá aulas de hipismo, mas devido ao luto que a consome, não consegue fazer o local progredir e enfrenta dificuldades financeiras. As coisas pioram quando sua filha, uma viciada em drogas, aparece desesperada pedindo socorro a mãe, após se envolver em uma situação de risco com pessoas perigosas.
Enquanto mostra o drama de uma mãe tentando salvar a filha do vício em entorpecentes, o filme é quadrado e nada criativo. As cenas supostamente mais chocantes são tão desprovidas de emoção, que mais causam tédio do que qualquer outro sentimento. Tudo é protocolar, desde os diálogos até a forma de filmar os embates entre as personagens.
Não há qualquer nuance no estabelecimento da relação entre elas, o que precisa ficar claro é o amor incondicional de uma mãe que reiteradas vezes cai nas manipulações de sua filha e estaria disposta a tudo para ajudá-la.

Já o mistério nunca chega a engatar, a premissa por si só não é tão interessante e o diretor mais uma vez demonstra pouca criatividade para conduzir sua narrativa. Há um desinteresse no próprio filme em torno do mistério que cria e logo em seguida resolve sem mais nem menos, sem deixar que o público engaje com ele. Tão logo a situação misteriosa é apresentada, já é explicada por um diálogo expositivo preguiçoso e convencional – que parece interminável – para dar início a um suspense envolvendo ameaças.
As ameaças partem de um vilão que é igualmente ganancioso e inescrupuloso, que parece estar sempre um passo à frente da protagonista. O personagem só não cai na caricatura completa graças aos esforços de Domhall Gleeson (Ex Machina), que consegue passar um pouco de personalidade e até humanidade.
O suspense também não é lá tão engajante e a solução oferecida ao final do filme só não chega a desapontar porque não parecia promissora desde o início. E como se tudo não estivesse extremamente claro, o diretor duvida mais uma vez da capacidade de seu público e nos tortura com flashbacks expositivos que explicam aquilo que tinha acabado de ser explicado.
Mas para não dizer que nada se salva, no meio desse emaranhado de ideias jogadas, mal desenvolvidas e mal aproveitadas, existe um núcleo de amigas que ajudam a protagonista, conversam com ela sobre luto e compartilham experiências passadas, se mostrando como uma verdadeira rede de apoio. Os poucos momentos em que elas aparecem são pequenas joias perdidas em um filme irregular.
Infelizmente esses breves momentos de ternura não são suficientes para salvar essa bagunça apressada e malconduzida, que não consegue atiçar a curiosidade, capturar a tensão, nem gerar interesse.