qua, 24 abril 2024

Crítica | Em Um Bairro de Nova York

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Em Um Bairro de Nova York é a adaptação da peça da Broadway, In the Heights, que levou mais de uma década para chegar ao cinema. O compositor Lin-Manuel Miranda criou Hamilton e se tornou queridinho da Disney nesse meio tempo, mas agora, finalmente podemos acompanhar o trabalho de Miranda para os cinemas e afirmar que tanto esforço valeu a pena.

Divulgação/Warner Bros

O longa acompanha alguns dias de uma comunidade latina cheia de diversidade, na periferia de Nova York. A partir do protagonista Usnavi (Anthony Ramos), dono de uma mercearia local, a história retrata um grupo lutando diariamente contra o calor e contra as adversidades da vida. Logo no início somos chamados a pensar em nossos sonhos e é aí que o filme começa a enfatizar sutilmente outro tema: propósito. Quais seriam nossos propósitos em meio à cultura e a tradição? Lutar pelos sonhos almejando novos espaços ou criar raízes onde os laços familiares são fortes?

Divulgação/Warner Bros

Cheio de ritmo e danças perfeitamente coreografadas por Christopher Scott, com cores vibrantes e cenas que pensamos ser possíves de sentir até mesmo o cheiro e o sabor, Em Um Bairro de Nova York é um drama dinâmico. Muitas histórias e muitas gerações fazem que Usnavi (nome que possui uma explicação genial) não seja o único protagonista da trama. O filme é formado por personagens cheios de carisma que ganham espaço em momentos distintos e ao mesmo tempo, entrelaçados. Nina (Leslie Grace) é uma jovem universitária que sente a pressão de carregar sobre si a expectativa do sucesso de seu pai e de praticamente todos do bairro. Benny (Corey Hawkins), um taxista que é trabalha na empresa do pai de Nina e é também seu interesse amoroso protagoniza com ela as mais lindas coreografias cheias de sutileza e beleza (aliás, minhas canções preferidas). Vanessa (Melissa Barrera), que trabalha no salão de beleza da comunidade, sonha em sair do bairro enquanto vive um “romance” com Usnavi, tímido demais para cortejar a moça.

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Divulgação/Warner Bros

A ‘abuela’ de Usnavi, Claudia (Olga Merediz), é praticamente a avó de toda a comunidade e seus diálogos trazem ternura e tratam de assuntos mais densos como a dificuldade em ser imigrante nos EUA, o trabalho pesado a que muitos precisam se sujeitar para viver o chamado ‘sonho americano’. Com certeza as cenas mais tocantes envolvem Claudia e o jovem Sonny (Gregory Diaz IV), primo do protagonista cuja família está ilegal no país. Lin-Manuel Miranda ainda faz uma breve aparição como o Piraguero, vivendo certa rivalidade com Mr. Softee (Christopher Jackson). A versão cinematográfica trouxe algumas mudanças ao compararmos com o original da Broadway. Nina perdeu sua mãe e Carla (Stephanie Beatriz) e Daniela (Daphne Rubin-Vega) se tornaram um casal. A ordem das canções também é diferente.

Divulgação/Warner Bros

E é na canção “Carnaval del Barrio” que o filme traz sua essência mais pura. Uma comunidade de minorias enfrentando suas dificuldades com festa e ânimo, honrando suas origens, dançando em meio ao calor, tendo jogo de cintura em meio as adversidades, se unindo e se fortalecendo cada vez mais. Em Um Bairro de Nova York ficou longe de ser um filme sobre as tristezas e as mazelas da vida. O amor à pátria de origem dos personagens e uma linda homenagem com as bandeiras hasteadas ao fundo (inclusive a brasileira), emocionam e fazem pensar durante a dança síncrona dos personagens.

Divulgação/Warner Bros

Ressignificar os sonhos e buscar perceber os detalhes que nos fazem únicos e diferentes uns dos outros, que nos fazem “deixar de ser invisível”, parafraseando a abuela Claudia, são valores perceptíveis no filme que encanta com o tom festivo e a genialidade de Jon M Chu (Podres de Ricos e o futuro Wicked) e Lin-Manuel Miranda.

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Talita Gimeneshttps://estacaonerd.com/
Apaixonada por Cultura Pop, gatos e brigadeiro. Não exatamente nessa ordem.
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