Empate é um documentário que se destaca ao resgatar as vozes dos seringueiros, verdadeiros heróis nacionais esquecidos pela história. Ao focar nos depoimentos dos protagonistas do movimento das décadas de 70 e 80 no Acre, o filme cria uma atmosfera íntima e acolhedora, como se estivéssemos ouvindo histórias de nossos avós.
A escolha de priorizar os depoimentos gera uma forte conexão emocional com os espectadores, mas também apresenta alguns desafios. A ausência de uma linha narrativa mais definida e a mistura de fatos com opiniões pessoais dos entrevistados podem causar certa confusão e dificultar o acompanhamento da cronologia dos eventos.
Outro aspecto marcante é o foco no lado humano dos seringueiros, com cenas do cotidiano, como idas à igreja ou momentos assistindo TV, acompanhadas por sons ambientes que evocam conforto e familiaridade. Inicialmente, essa decisão traz um toque intimista e acolhedor. No entanto, a repetição excessiva desse recurso ao longo do filme acaba tornando a experiência cansativa e pouco dinâmica.
Um dos momentos mais impactantes do documentário são as recordações sobre Chico Mendes, o célebre ativista brasileiro assassinado em 1988. É impossível não se emocionar ao ouvir os depoimentos sobre sua vida e legado, que transcenderam sua própria existência, transformando-se em símbolo de luta e resistência.
A cena mais poderosa ocorre durante o velório de Chico Mendes, acompanhada pelo discurso de Luiz Inácio Lula da Silva, então deputado constituinte. Essa sequência sintetiza de maneira tocante a dor e a reverência dedicadas ao ativista, sendo o ponto alto do filme.
Por fim, “Empate” destaca de forma contundente a importância de cuidar da terra e da natureza, além de reforçar a necessidade de união na luta pela preservação ambiental e pela justiça social.