No dia 5 de novembro de 1983, uma espaçonave soviética colide com a Terra. Surpreendentemente, um dos cosmonautas sobrevive ao acidente sem praticamente um arranhão. No entanto, ele carrega uma criatura alienígena em seu corpo. O novo terror russo que estreia na Netflix, mostra várias faces de uma mesma obra. O resultado do conjunto, você vê aqui.
Egor Abramenko (The Passenger) cria um longa que aposta inicialmente, numa tensão crescente sobre a situação, que é repleta de mistérios que vão se acumulando e acumulando até que são resolvidos no último ato (de modo pra lá de insatisfatório) e que destoam de tudo que foi construído. Um dos pontos mais interessantes da obra é o design da criatura, que para uma obra de baixo orçamento é muito bem feita e não deixa a desejar quando comparada com outras do gênero. O modo como o diretor filma suas cenas, contribuí para isso. O uso de câmeras de circuito interno (que não tem uma boa resolução) , aumenta a tensão a cada aparição da criatura. As cenas de ataque, quando acontecem, são muito bem filmadas por Abramenko e o gore toma conta da obra. O registro das expressões de medo do elenco, são muito bem feitas e esse é o ponto alto da produção, que só não é melhor por culpa do roteiro e do diretor que preferem investir em diálogos expositivos e sem sentido, que pouco acrescentam a trama, servindo mais como “encheção de linguiça” do que qualquer outra coisa.
A direção de arte recria bem os anos oitenta, a arquitetura soviética e principalmente a estética do período pós-stalinista. Tudo é feito com carinho e esmero. Mas as falhas cometidas pelo roteiro como: os mistérios não desenvolvidos, falsas pistas que são a todo momento jogadas na história, além de uma construção equivocada de personagens que possuem muitas camadas, mas quase nenhuma essência. Sabotam a trama e dão ao longa russo um tom quase que amador. Um exemplo disso é o personagem de Pyotr Fyodorov (Duelyant) que é apresentado como um cosmonauta sem memória, que se revela ao longo da trama como: pai que abandonou o filho, um herói nacional, uma pessoa extremamente inteligente… Tantas camadas e Fyodorov não consegue desenvolver nenhuma delas bem, o ator é limitado e o restante do elenco também.
Estranho Passageiro: Sputnik é um terror mediando que erra tentando acertar. O terror vale a pena ser visto para sair do lugar comum, mas nada além disso.