seg, 23 dezembro 2024

Crítica | Eu, Capitão

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O recurso de utilizar o cinema como denúncia sobre fatores infelizes de nossa sociedade não é novidade. Bons diretores se utilizaram para mostrarem histórias reais e com situações extremante chocantes de pessoas que apenas queriam uma vida melhor. Em Eu, Capitão, o diretor Matteo Garrone abusa do excesso de violência, que por mais que seja real, acaba que não agregando para o valor de denúncia da história, apenas no choque.


Em Eu, Capitão, filme dirigido e co-escrito por Matteo Garrone, é uma obra sobre a jornada de dois jovens senegaleses que decidem imigrar para a Itália em busca de uma vida melhor.

A história não tem muito segredo, acompanhamos aos poucos a jornada de dois jovens com o objetivo de chegarem na Itália para conseguirem uma vida melhor. E com isso os dois vão sofrendo desde torturas psicológicas, físicas até caminhadas impossíveis pelo deserto em meio tanto sofrimento entre pessoas com o mesmo objetivo. O filme traz essa realidade crua, mas acaba se perdendo ao apenas retratar o sofrimento e ainda idealizar esse sonho até seu final . Ao invés de servir como uma denúncia de como essas pessoas são infelizmente enganadas e manipuladas por um objetivo que não existe futuro, o longa faz questão de continuar com essa mensagem até seu final “apoteótico” .

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Divulgação


E o filme ao longo de sua jornada possibilita cenários incríveis, as tomadas áreas são lindas de se acompanhar. Servindo até como um contraponto de toda a situação vivida por aquelas pessoas, porém o diretor optou por alguns momentos fantasiosos na jornada de nosso protagonista que por mais que sejam até inventivos , não passam uma sensação orgânica com a narrativa. Por mais que sirvam como um alívio dado a situação encontrada, acaba se tornando mais um obstáculo para se conectar com a obra.


É um filme que após presencia-lo fica claro o porquê estar entre os indicados ao Oscar. Se torna um Oscar Bait tão previsível que é piada ele estar indicado mesmo assim. Por mais que exista talento do ator Seydou Sarr(mesmo nome do personagem) em passar toda essa angústia e busca do sonho impossível, a obra é uma clara representação de uma dramatização fofa de uma situação totalmente infeliz e desumana. O ridículo aqui fica claro ao seu final, quando nosso protagonista conseguiu o objetivo e o diretor faz questão de montar um final glorioso para uma jornada que está muito longe de ter um final feliz.

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