Todos os fãs de Fórmula 1 que acompanharam as corridas em 2023 e 2024 percebeu que tinha mais dois pilotos participando do grid durante alguns GPs. O fato é que é mais um projeto do diretor Joseph Kosinski que promete muita ação em tela, uma experiência imersiva ao extremo. O diretor é conhecido pelo trabalho em ‘Top Gun: Maverick’ (2023) e ‘TRON – O Legado’ (2010). Estrelado por Brad Pitt, o elenco do filme ainda conta com Kerry Condon (conhecida por ‘Os Banshees de Inisherin’), Damson Idris (conhecido pelo episódio ‘Smithereens’, da 5ª temporada de ‘Black Mirror’) e pelo quatro vezes já indicado ao Oscar, Javier Bardem. A equipe de ‘Top Gun: Maverick’ retorna para trabalhar com Kosinski, como o diretor de fotografia Claudio Miranda e o responsável pelos Efeitos Visuais Ryan Tudhope. Além de todo o apoio da maior categoria de automobilismo do mundo para fazer o filme, o filme é produzido também por Lewis Hamilton, atual piloto da Ferrari e sete vezes campeão mundial do esporte, empatado com Michael Schumacher como maior vencedor de títulos da história.
Depois de 30 anos afastado, Sonny Hayes (interpretado por Brad Pitt) recebe o convidado do seu antigo amigo Ruben (interpretado por Javier Bardem) para voltar à maior categoria do automobilismo mundial.

Acho importante destacar que este projeto integra o amplo plano de marketing implementado pela Liberty Media desde 2017, quando adquiriu os direitos da Fórmula 1 e promoveu um rebranding completo da categoria, reposicionando-a como um produto de entretenimento global e atraindo os olhares do mundo inteiro. Desse ponto de vista, é notório que o filme de Kosinski é nitidamente um grande comercial de 2h36min para continuar expandindo o público da marca. Mas isso não é nenhum demérito na obra, pelo contrário. A tecnologia usada no filme realmente impressiona, gerando uma imersão para dentro do cockpit de Hayes e Pearce em cada curva, filmado com câmeras Sony 6K customizadas, com sensores destacáveis ultra compactos, desenvolvidas especialmente para caber dentro dos carros de corrida reais. Além do bom trabalho sonoro, especialmente quando o carro está na pista. Definitivamente é um daqueles filmes que é mais recomendável você assistir em IMAX.
Apesar do trabalho técnico ser muito bom, o filme acaba abusando demais dela, prejudicando até o andamento da narrativa, como o número elevado de acidentes causados por Hayes para ajudar a equipe no campeonato. Não é como se a decupagem estivesse preocupada apenas com o acidente, ela quer estender o máximo aquelas cenas para vender o produto que a obra quer vender, as corridas, os pilotos, a marca Fórmula 1. Enquanto o diretor usava esse tempo de tela para dar casca emocional em ‘Top Gun: Maverick’ (2023), neste filme essas sequências acabam soando mais artificiais, apenas para o “show”. Mesmo assim, em nenhum momento o filme em si fica maçante, mas há sim o sentimento de que a história “travou”, ainda mais porque não é um acidente, mas vários. Ainda assim, o filme mantém uma base sólida, focado principalmente na dualidade entre a tensão do passado e o fervor da competição. Existe essa disputa muito bem representada no protagonista nos elementos do filme, como na fotografia de tons mais frios quando estão em ambientes fechados e de tensão, como no box da equipe, e há as cores quentes nas cenas românticas do filme, por exemplo. As atuações também passam por isso, principalmente a do Brad Pitt que alterna entre um cara marrento e frio com um velho piloto que quer conquistar o que lhe pertence, e as relações entre os personagens, como a disputa dentro e fora das pistas de Hayes e Pearce e o romance entre o protagonista e a chefe de equipe, Kate (interpretada por Kerry Condon). Toda a adrenalina do filme funciona, é uma atmosfera própria muito potente quando a câmera está em primeira pessoa dentro do carro, atrelado à tensão criada pela história contando com o passado de Hayes, a situação de Pearce e o drama da equipe.
‘F1: O Filme’ é tudo aquilo e mais um pouco que se espera na parte técnica, ainda que a história acaba se enrolando em determinados momentos, é mais um grande feito de adrenalina de Joseph Kosinski e um prato cheio para os fãs da categoria.