Crítica | Fé Para o Impossível

    Dirigido por Ernani Nunes, o filme, baseado em uma história real, adapta o livro Dê a Volta Por Cima, escritos por Reene e Philip Murdoch. A trama acompanha a trajetória de Renee Murdoch, uma pastora norte-americana que vive no Rio de Janeiro e enfrenta um dos maiores desafios de sua vida após ser brutalmente atacada por um morador em situação de rua. Com um traumatismo craniano grave, Renee é internada em estado crítico, e sua família, liderada pelo esposo Philip Murdoch, inicia uma corrente de fé e orações, que ultrapassa a barreira dos idiomas, para sua recuperação.

    Podemos considerar que o filme é dividido em três atos (o ataque, a luta, a superação), cada um explorando diferentes aspectos da recuperação de Renee, tanto física quanto emocional e espiritual. A narrativa é construída de forma linear, mas há flashbacks que ajudam a entender melhor a relação entre Renee e Philip, assim como a dinâmica de toda a família antes do trágico incidente.

    Alguns minutos após o início do filme, somos surpreendidos por uma cena impactante: Renee (Vanessa Giácomo), durante sua corrida matinal, é atacada. A brutalidade da agressão é chocante e estabelece o tom dramático do filme. A matriarca da família Murdoch é levada ao hospital em estado crítico, e os médicos consideram que há pouquíssimas esperanças de recuperação.

    Philip, interpretado por Dan Stulbach, emerge como alguém que possui tanta certeza em sua fé que, muitas das vezes, chega a parecer arrogante aos olhos de seus próprios descendentes. O patriarca mobiliza amigos, familiares e até desconhecidos através das redes sociais, criando uma corrente global de orações e apoio para Renee.

    Nos momentos finais do filme, o roteiro foca na recuperação gradual de Renee. Apesar das dificuldades e das limitações físicas, sua fé inabalável e o apoio incondicional da família e da comunidade se tornam fundamentais. O longa culmina com uma mensagem de esperança e superação, enfatizando a importância da fé e da união familiar.

    A atuação da dupla de protagonistas soa um pouco teatral, faltando muitas vezes, um tom mais natural, o que torna a identificação com os personagens mais lenta. O elenco infanto-juvenil, que traz Júlia Gomes, Theo Medon, Bella Alelaf e Arthur Biancato, entrega a performance esperada, que serve para adicionar o conflito e a dúvida, de forma a tornar a história mais envolvente para o público.

    Importante frisar que, o filme não agradará todo tipo de público. Para pessoas céticas, o roteiro soará meio fantástico, como algo extremamente conveniente. Cito a equipe médica que parece simplesmente se entregar a milagres, não tentando refutar nenhuma das ideias propostas por Philip ou, buscar respostas ainda que não existissem cientificamente.

    Apesar de possuir diversos clichês ligados a obras de fé e superação, o longa é muito bem realizado. A direção é competente e o elenco sabe segurar o encanto do roteiro comovente, roteiro este que em muitos momentos devemos simplesmente aceitar. A trilha sonora, composta por Eli Soares, complementa bem a narrativa, aumentando a dose de emoção.

    Em resumo, Fé Para o Impossível é um filme que, apesar de suas limitações, mistura drama, inspiração e fé, com uma forte mensagem de superação e resiliência. A direção de Ernani Nunes, combinada com as atuações do elenco, torna a experiência visualmente impactante e emocionalmente tocante, demonstrando que, o desafiador caminho da recuperação pode acontecer.

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    ANÁLISE GERAL
    NOTA
    critica-fe-para-o-impossivel Dirigido por Ernani Nunes, o filme, baseado em uma história real, adapta o livro Dê a Volta Por Cima, escritos por Reene e Philip Murdoch. A trama acompanha a trajetória de Renee Murdoch, uma pastora norte-americana que vive no Rio de Janeiro e enfrenta...